SER SENTIMENTAL

PODE RESULTAR EM SE ENLEVAR...

 PODE REVOLVER EM SE ENTRISTECER...

Sentimental eu sou: Como cantaria o seresteiro...

Sempre assim estou, de todas as características 
que alguém me imponha, quem de perto me acompanha 

ainda que não o enfatize esse vértice, o sabe que não é tolice.

Sentimental sempre serei a parte de tudo que perecerei.

Não sei se é algo da alma lusa, poeta Lisboeta, do lusitano,

quando se enche meio como cantoria de fado...

Só que não gostando desse triste arrastado.

Esse sentimental é um sentir a mais, proposto, postado.

Mediando o romântico mais que se supõe, 
posto que se faça forma emotiva, mas que se seja tão realista.

Ser sentimental num mundo objetivo, o faz refém

Do que se retém do concreto, objeto, até  abjeto,

fazendo um estranho no ninho em desalinho.

Mas é da natureza humana inata, exata intacta

Ainda que desiludido, aturdido em desencontro
de sentimentos, em seus ais, seus lamentos.

Sentimental sempre ainda sonha,

Acordado de que do lado

Haverá um ser que se faz em acordo

do ideal amando que se é amado.

Mas como não tem o comando 

num mundo que não enleva, nem leva isso a fundo –

é um cofre guardando o sentir que sofre.

Ainda que sentimental que não exacerba,

Que apenas enxerga sentir a cada nova aberta fenda,

 tira a venda e vê uma amada que quer que não negue e achegue.

Mas sentimental hoje é exceção, sentimental não é mais o tal.

Não se faz o maioral da maioria aos olhos de hoje, mas...

Ainda espera em compasso de surpresa de um sentimento
que se faça em alento apesar do sentimental que já quase não há.

Assim ser sentimental enfim sempre o é  - e para sempre será:

o acompanhará até o último suspiro, ao juízo final.