ESSE OBSTANTE OBJETO DO DESEJO - O QUERER
SEM CORRESPONDÊNCIA
Muito se fala em amor não correspondido,
mas na dinâmica dos dias atuais, dos novos tempos dos relacionamentos, e que estão
mais atrelados aos mais palpáveis físicos, mais diretos e objetivos, o
componente querer do desejo é a mola propulsora dos casais a se acasalarem. Mas
ao que seja conseqüência e não causa do entrelace.
Tristes daqueles que o fazem sua única
motivação, mas a verdade que difícil se vai além quando o consumir não
advém. Muitos têm até muita afeição, mas
que não passa de apreço, se gosta da pessoa humana e não do homem ou da mulher,
sem vontade, de nada adianta ao que se compromete adiante. Na recusa intrínseca
- explicita ou implícita.
Existem casais que fazem disso uma rotina, sem
contacto físico e sem intimidades maiores. São bons companheiros de
necessidades ou de diversão. E só. Outros pelo contrário tem até demais, mas no
fundo é só isso, centelha que acende um fogo e que apaga após sem peso, sem
sentimentos. Mas o que aqui venho lhes falar é o de apenas uma parte que quer a
não ser recíproco, a querer muito sem retorno.
Mas há de se distinguir que há três facetas
do querer não sendo querido: o do marasmo – que advém da rotina ou da apatia;
da rejeição que deixa atônito e da obsessão que atormenta – e que nesses
interstícios, são faces que acometem e comprometem quem quer sem ter obtido. Se
há um gosto pelo outro, mas não há querer de uma parte que não deixa nada ou
quase nada acontecer, a recusa permeia sem se envolver, mas pode, no entanto,
haver obsessão. Compulsão ao não conquistado e conseguido.
Melhor dar exemplo: O filme do cineasta
espanhol Buñuel “ Esse obscuro objeto do
desejo”, mostra a paixão avassaladora de Mathieu
(Fernando Rey) por Conchita vivida por Carole Bouquete, que dá
ares franceses à moça; e Angela Molina, com uma sensualidade mais latina duas
atrizes distintas. Porém a trama é isso: o desejo irreprimível e do outro lado
alguém que não deixa o sexual-corporal
acontecer, ai cria a obsessão de desejar sem ter o consumido carnal.
Algo como meu título aqui: esse obstante objeto do desejo – relevado, ou
reprimido, ou rejeitado, em recusas contínuas e que fica claro que é um querer
se querendo sem correspondência...
Quando um não quer, nenhum dos dois deveria
de querer... A não ser que se abra a porta e
vá ao que importa: que se corresponda, haja resposta a esse desejo de
paixão incomum desmedido...
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