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27 de novembro de 2012

IDEALISMO E IDEOLOGISMO BRASIL - AUGE E OCASO





             IDEALISMO E IDEOLOGISMO BRASIL
                    - AUGE E OCASO

1960 AFORA: ANOS REBELDES

Por conta da juventude destemida e comovida,
o idealismo se transfigurou em ideologia.
Imergia o isolicionismo,
adentrava o querer modificar o injusto mundo. 
Diga-se de passagem, isso era síntese
de parte de uma geração, anos 60,
início dos 70, século XX.
Acreditava-se na força de transformação,
de uma canção de protesto,
de um teatro engajado,
uma passeata em uníssono.
A partitura, a palavra e a mobilização de ordem,
a serviço da luta de classe, dos desvalidos.
Quando roçava a mudança às armas,
é que a ideologia com idealismo,
abria a idealismo com radicalismo.
De transformar todo o sistema obtuso,
de derrubar o Status Quo opressor,
ainda que uma ditadura proletária,
para derrubar a ditadura sectária,
impor o dito avanço de idéias e ideais sociais.

1970 E MEANDROS - ANOS DE CHUMBO

Eis que a juventude desdourada virou ave de arribação,
exilou-se,  isolaram-na em ostracismo
ou submersa na subversão.
Até que emergiu.
Geração minha em meados dos anos de chumbo,
intermediária, não pode ser sucessora.
Coube mais ser expectadora.
E no desbunde, no desmonte, na desmobilização,
indolor a ela o fim das ilusões.
As canções passaram a ser em inglês,
os teatros estrangeiras peças,
as passeatas sumiram, restavam cartas apócrifas.
Nas bancas uma coleção de MPB, 
com Chico, Caetano, Gil, Milton, Vandré.
Abriu-me do colonialismo e coloquialismo que reinava.
Mas restava só um idealismo de indignação, 
não tão abertamente revolucionário,
as ideologias morriam junto a Che Chevara.
Rever livros que pareciam fardos escolares,
era o único retrato de conhecer a realidade brasileira.
Nos restava partituras e palavras, 
mas só de conscientização.
não restava mais a ignição do motor da revolução...



1980 E ANOS ADENTRO – ANOS PERDIDOS

E deram os últimos suspiros agora a idealização:
de que se podia clamar por índios massacrados,
sertanejos miseráveis, povo urbano achacado em estaginflação, animais exterminados, selvas derrubadas.
Mas veio os anos de dancing days, o culto ao corpo;
adveio a busca do prazer, 
da profissão e da posição social,
passaram a ser razão de ser e viver...
Por mais egocêntricas possam parecer!
A realidade abstraída, a fantasia se rasgou,
eterna quarta-feira de cinzas perdurou.
A ideologia anos 60 e idealismo anos 70,
numa geração alienada se descolaram,
numa geração coca-cola desembocaram,
como Renato Russo cantava nos anos perdidos dos 80.
As canções eram de embalo,
os teatros besteiróis, engraçados.
passeatas só as pelas Diretas já e só.
É a geração do eu sozinho em meio grupal.
Individualismo tribal, cada qual no seu espaço.


1990 E AFINS: ANOS DESERTOS

As canções de sexo, apelativas,
os teatros espetáculos de artistas de novela,
Passeatas só contra a violência e o fora Collor,
no mais só  passeios a surfar na Internet.
As canções dos antigos festivais hoje entusiasmariam?
Os teatros de Arena e Opinião hoje empolgariam?
Geração antenada as telas, 
onde ficarão os ideais perdidos?
Nos condomínios fechados, 
o cerco da violência vencedora.
A concentração de renda, a cidade sitiada as favelas.
A esperança veio na moeda remodelada.
Que aos poucos se dissolveu a conta$ gota$.
Onde estaria o ideal no meio do achaque de fraque?
A quem apelar, se juntar? Idealistas ideólogos de araque?
Os impostos são impostos, a impostura está no ar.


 ( Corrupção de valores, 
corromper da ética,
   chamuscar da moral )









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