RESENHA - VENDO XINGU –
REMEMORANDO O IDEALISTA
ANTROPÓLOGO QUE QUIS SER
( ADMIRADOR DOS IRMÃOS VILLAS BOAS )
Fui ao cine ver “Xingu” e ao sair tanto pensei, lembrei...
Houve um tempo que longe de muito romântico, era sim idealista. Ao contrário de Cazuza que buscava uma ideologia pra viver, buscava algum ideal a me sustentar e dar vazão e razão a vida estabelecida. E havia algo que me era um sonho a mais: Primeiro foi sociologia, mas depois mais ainda antropologia. Achava o sumo saber a nossa formação, mas percebi que precisaria ser intelectual, devorador de livros de alto nível, se quisesse virar um Roberto da Matta ou Darcy Ribeiro.
Nestes tempos, dois tipos humanos me doíam apesar de não fazerem parte de meu mundo e cotidiano: o sertanejo nordestino, em meio a fome e seca e os índios, com sua problemática da terra que permitisse a sobrevivência física, a matança em massacres que continuavam no inicio dos anos 70, as doenças que os contagiavam facilmente, entre outras mazelas indígenas.
Nesse ponto as personagens marcantes quanto a isso eram ícones para mim: primeiro o marechal Rondon, ele um descendente que fez uma marcha ao Oeste para salva-los no inicio do século XX e bem mais tarde, os irmãos Villas Boas. Mas por incrível que pareça, do primeiro sabia muito, dos irmãos era só um mínimo de saber.
Como eles, eu muito já quis ter a cara e a coragem e a capacidade de mudar a realidade dessa raça tão maltratada na história do Brasil, mas só o fazia através de cartas ao jornal O globo - e como fazia! Mas quem disse que era audaz assim? Pois eles foram e no dia do índio, não podia perder a saga deles nas telas do cinema. Saber que forma eles os pioneiros para que houvessem reservas de parques indígenas, que começou com o de Xingu.
Chega a ser emocionante como suas lutas não foram em vão. E não compreender como não se ganha o prêmio Nobel da paz por isso. Mas isso não importa: a dignidade do índio foi mexida pra não mais como antes, quando ser índio era ser um deserdado de cidadania na etnia. Num tempo de comunicação e condução precária, eles foram baluartes por essa justa causa. Eu que tanto quis ser o idealista antropólogo de campo, senti a alma lavada.
Eis um que um veio de lágrima veio aos olhos ao final do filme, de saber dessa tamanha honradez de espírito empreendedor por uma causa que ninguém queria, do índio. Tão mal visto como um selvagem que deveria ser exterminado ou deixado ao Deus dará. Por conta deles que hoje o índio se sente mais protegido dos madeireiros, dos latifundiários, dos invasores de terras.
Não precisam mais ir em busca da mítica Maina, a terra sem males. Não que estejam hoje no paraíso mítico, mas com sua forma pacifica apesar de guerreira, tiveram nesses irmãos, a partir dessa saga no Xingu o começo de uma nova era para a causa indígena.
Deixo claro que não acho que se deva isolar sempre o índio, como um incapaz selvagem isolado, mas os que assim querem viver em suas terras, seja dado a chance de sobreviver com sua cultura, seus costumes intactos e mais que tudo, salvar a sua raça que não deixa de ser brasileira como qualquer um de nós...
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