CONDIÇÃO DES/H/UMANA
Condição humana:
na sua altivez, o ser humano,
se acha o centro do universo,
até criam o Zodíaco,
como se astros tão distantes nos guiassem,
apesar de sermos grãos de areias, formiguinhas,
insignificantes físicos na imensidão cósmica
( ainda que significantes como pessoas humanas ).
São os todo-poderosos da Terra,
a domar todas naturezas.
Mas eis que a qualquer hora,
nos impõe mazelas, que nos prostram,
castram nossos sonhos de poder.
Frente
à miserabilidade, à demência,
à velhice senil, à doença terminal,
à deficiência corporal.
Às desestruturas sociais.
À impotência às catástrofes naturais,
a dizimar ou desamparar.
Tudo pode levar a decadências sócio, psicológica ou corporal.
Tudo vira relativo,
na condição desumana.
A quem recorrer?
A um Governo que nos tem como número de um registro geral?
À família, ainda que esteja desmantelada ou desestruturada?
Condição humana
X
condição desumana.
Assim ficamos nós,
na busca da dignidade, da humanidade.
Ainda que nos traga a condição que se transmuta em subumano...
O poder, a grana, o prestígio podem muito minorar?
Mas nas condições acima o que pode suplantar?!
Os seres humanos podem nem parecer, mas muitos vivem bastante precariamente em sociedade, e do nada ou de sempre desde nascença, pode se perder a civilidade, como cidadão da boa condição humana. Como que perdesse a identidade em meio a grande cidade. Basta se perder do gregário tecido social. Muitas vezes é uma condição que perde até pelo fator mental, mas no geral é devastador os efeitos de crises sucessivas sócio-econômicas, num mundo egoista do não amor ao próximo, indo em desencontro as normas normais, numa não dignidade humana. A maior que vi foi ter visto um...
UM HOMEM NO MATAGAL
Ao olhar da plataforma de trem,
na estação de Padre Miguel,
via-se uma pessoa – um homem –
deitado no chão de terra
em meio de ao mais cerrado matagal;
o outro usuário no banco da plataforma,
alertava-me o perigo de ratos o morderem.
E eu, incauto: - mendigo não tem essa consciência...
E ele retrucou: - Ele não é mendigo, ele vende coisas no outro lado!...
E era isso, ele simplesmente entrou em miserabilidade,
diante tantas crises nacionais
e caiu ao nível mais indigno de um ser humano,
sem ao menos um teto para habitar.
E é de pensar quanta indiferença
a tantos semelhantes ditos humanos
e principalmente das autoridades (in)competentes!
Assim ficou ele: sem teto, ao relento
( será que também sem documento? ).
E ao me deparar com notícias e reportagens
do que pode chegar a economia no mundo globalizado,
uma angustia ( será só minha? ) me vara
ao passar uma suposta assustadora hipótese,
que o desvalido ou desabrigado de hoje
poderia ser eu ou qualquer um de nós amanhã...
SOMBRIOS FATOS PASSADOS INVADEM O PRESENTE,
ASSUSTAM O FUTURO :
DO CRACK DA Bolsa de Valores de New York em 29,
de Wall Street a pior RECESSÃO que se alastrou;
na República de Weimar, a HIPERINFLAÇÂO,
num caos econômico avassalador e assustador.
E cá estamos no eterno país “do futuro” de Zweig,
que tantas desestruturas nos deixam escabreados...
de uma DEPRESSÃO MUNDIAL?
Os arautos do apocalipse financeiro
ficam a proclamar que vai chegar em uma década próxima...
Não, não caio na ansiedade estressante, incessante,
do que há de pior porvir.
Mas não tenho total FÉ de não me abalar:
dada minha condição frágil de estrutura social
( sem influência de poder, poder de compra cada vez menor ).
Oh! como que queria LIRI(O)CAMENTE não temer,
de não me preocupar com o que iremos comer, vestir, sobreviver.
como convicto pregou Nosso Senhor Jesus Cristo,
no “Olhai os lírios do campo”.
Queria sempre bebericar dessa fonte de FÉ INANALÁVEL.
Mas as forças econômicas-financeiras são tão poderosas...
elas regem o mundo e não os sentimentos...
- “ Cada um por si e Deus por todos ”, já diz a máxima.
Mas talvez é chegada a hora,
da real solidariedade, sem a selvática Darwiniana Lei do mais forte.
Assim Deus não deixaria de nos prover.
É questão de fé? De determinação?
Olhem o homem no mato
e em outros brutos chãos da miséria absoluta.
Quando até uma professora vai morar com seus filhos
debaixo de um viaduto
é sinal de alerta, da deterioração da vida social e humana.
Olhando o homem no mato,
não me mato, mas matuto, inquieto,
que é preciso mobilização, precaução.
Insensível aburguesamento não e não!
Não se deixar a nau desgovernada ficar...
Olhai os homens da cidade e do campo,
olhai os lírios e assim a confiança restaurar.
Em “E o vento levou”, Scarlet O’Hara dizia:
“ – Amanhã há de ser um novo dia!...”
Mas...
Olhando o homem no mato...
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