Dia do cinema nacional – as lembranças dos
que mais apreciei pode fazer injustiças em lista. Antigamente eram mais
artesanais, filmes mais de diretor, algo que ocorria muito no cinema europeu,
em especial Frances, alemão e italiano. Em alguns casos americanos antes da
evolução pós cinema dito pipoca de entretenimento.
Aqui no Brasil essa saga começou nos idos
anos 50, mas foi nos anos 60 e 70 que floresceram esse tipo de cinema. Que eu
não renegava, assistia alguns, me fez dar vontade de viver naquele mundo quando
aparecia brilhava EMBRAFILME – nas
telas.
Vontade nessa trabalhar, ou algo mais
grandioso, ser roteirista ou mais ainda diretor. Um sonho em forma de delírio.
Imagina a dificuldade de fazer cinema nacional com parcos recursos naqueles tempos?
Aí via os filmes de nossos diretores categorizados apesar dos parcos recursos e
de mídia escassa mas crítica a favor. Vamos afezr um apanhado mínimo mas geral de filmes de diretores?
As primeiras lembranças que tenho são de Roberto
Santos em bons filmes como “A hora e a vez de Augusto Matraga” e Glauber Rocha
em suas alegorias políticas, sociais e culturais, como “Deus e o Diabo na Terra
do sol”, “Dragão da maldade contra o santo guerreiro” e “Terra em transe” e eram
filmes difíceis de entendimento, no que então se denominou cinema novo.
Paulo Cesar Saraceni dirigiu alguns filmes
bem interessantes como “O viajante” , “O
desafio” , e uma homenagem ao agora nosso santo “Anchieta”. Eu bebi me embeveci disso. Havia ainda “O bandido da
luz vermelha” de Rogério Sganzerla e “Fui ao cinema e matei a família” de Júlio Bressane.
E “Macunaíma” de Joaquim Pedro de Andrade. E vi “Todas mulheres do Mundo” dirigido
por Domingos de Oliveira com Paulo José novinho em atuação soberba. E tantos e
tantos outros filmes e diretores.
Ruy Guerra dirigiu magistral “Os fuzis” , “A
queda” e “Os deuses e os mortos”, “os cafajestes” “Kuarup” , “Opera do Malandro”,
“Estorvo” e “Erendira” baseado no grande literato Gabriel Garcia Marquez. Já
Olney São Paulo era bem visto por “O grito da terra” falando de latifúndios e
seus trabalhadores, mas seu filme mais
significativo de público foi pós cinema novo: “O amuleto de ogum”. Um cineasta do
cinema novo menos festejado mas categorizado digamos.
E havia um que sabia como nunca nos tocar e
ser profundo ao mesmo tempo – esse cineasta maior era Nelson Pereira dos
Santos. Primeiro com “Rio quarenta graus”.
E sua forma seca de filmar os retirantes do Nordeste, mas sentida,
curtida de filmar “Vidas Secas” de Graciliano Ramos é pra jamais esquecer –
ainda mais com a cachorrinha na trama “baleia” que é tocante como no livro é. E
me deliciei com Ana Maria Magalhães que viria ser sua esposa no “Como era
gostoso meu francês” – sobre a invasão francesa no Rio, fez um filme de cor e
cultura sobre nossas origens. O último marcante foi “memórias do cárcere” com
Carlos Vereza sobre obra de Graciliano Ramos em sua autobiografia romanceada.
E ver Graciliano Ramos ainda em “São
Bernardo” de Leon Hirszman, que ainda dirigiu Gianfresco Guarnieri em “Eles não
usam black-tie”. E “A guerra dos pelados” de Silvio Back baseado na guerra do
Contestado. Como assistia o apuro num
cinema com muitos apuros de produção. Meio
tipo tirar leite das pedras. Fui em muitos com casas de cinema vazia e grande
apelo nos festivais de cinema internacional.
O primeiro foi “O pagador de promessas” que
ganhou em Cannes. Depois não ganharam, mas tinham prestígio neles e nas
críticas de cinema de jornais e revistas. Havia alguns que faziam documentários
como “Cabra marcado pra morrer” do cineasta Eduardo Coutinho recente
assassinado pelo filho.
Aos poucos que evoluíram pra algo entre o
conceitual e o comercial. Foi quando Cacá Diegues com seus “Xica da Silva”,
“Quilombo”, “Chuvas de Verão” e “Bye bye
Brasil” e Bruno Barreto com “Dona flor
e seus dois maridos” surgiram, Miguel Farias com “Pra frente Brasil” cujo tema
era a Copa de 70 e a repressão militar da ditadura.
E ainda um curioso filme sobre o
Bandeirante Fernão Dias Paes, estrelado por Jofre Soares e dirigido por Oswaldo
de Oliveira “Os caçadores de
esmeraldas”.Um pós cinema novo, com algo dele e ao mesmo tempo em vanguarda e
mais moderno ao gosto popular. Hector Babenco foi um dos mais prestigiados
dessa época, como em “Lucio Flávio passageiro da Agonia”.
E alguns do diretor Arnaldo Jabor, o
intimista “Eu te amo” e em especial os baseados em Nelson Rodrigues com “Toda
nudez será castigada”, “bonitinha mas ordinária” e “Os sete gatinhos”. Eram
bons de crítica e razoável de público, sendo Dona Flor baseado no sucesso de
Jorge Amado um espanto de bilheteria pra época. Problema que havia uma dita
ditadura e com ela o cinema, como a música de vanguarda eram tolhidas e até
recolhidas.
O Cinema nacional foi submergindo diante do
cinema internacional capitaneado pela indústria cinematográfica de
entretenimento Ianque dos USA. Entre antes e o agora lembro de um filme
interessante engraçado: “Marvada carne” sobre caipira com Adilson Barros que
queria comer pela primeira vez carne e uma moça querendo casar feito por
Fernanda Torres, filme dirigido por André Klotzel. E houve “O homem da capa
preta” sobre a vida de Tenório Cavalcante, dirigido por Sergio Resende e com
atuação marcante de José Wilker.
Houveram dois filmes entre satíricos e
históricos – “Carlota Joaquina” um filme que lembro foi dirigido por mulher, da
atriz que já foi da TV GLOBO Carla Camurati, uma linda loirinha muito
inteligente e sagaz. Algum tempo depois uma forma bem humorada dos primórdios
do Brasil com “Caramuru – a invenção do Brasil”, com uma forma que distorce um
pouco a história verdadeira, mas bem produzida e dirigida por Guel Arraes, o
que fez com que ambos filmes passassem com destaque na emissora global.
E duas adaptações interessantes e gracinhas
do grande escritor Ziraldo: “O menino maluquinho” – em especial a primeira
produção de duas e “A professora maluquinha” dirigido com atuação graciosa
de Um cinema infanto-juvenil bem legal
para adultos também. Como foi a animação “RIO” que concorreu ao prêmio Oscar de
melhor animação. Um grande progresso a um país pouco acostumado ao sucesso
internacional nos Estados Unidos, rigoroso nisso em comparação com a culta
Europa.
Hoje há um cinema mais comercial, até pela
entrada da produtora Globo filmes, mais comum produções nacionais em bom número
e algum apelo, ainda que nem sempre prime em querer ser obra prima ou
consagrada de crítica, mas sim de público. Saiu a antiga EMBRAFILME que
produzia financiava pela ANCINE que apenas monitora regula o meio
cinematográfico no país – e não mira apenas no cinema nacional.
Walter Salles é seu nome maior, que quase
ganhou Oscar com Fernanda Montenegro com “Central do Brasil” - mas recente vi filmes frutos dessa vertente
corrente como dizer, do novo cinema – nacional claro. “Tropa de Elite” o maior
sucesso retumbante. “Canudos” de Sergio
Resende estrelado por José Wilker é epopéia histórica de Antonio Conselheiro no
palco sertanejo que inspirou “os sertões” de Euclides da Cunha – ao final
passou como seriado na TV GLOBO.
Antes aqui já fiz resenha dos filmes mais
recentes “Somos tão jovens” sobre Renato
Russo, “Xingu” sobre os irmãos Villa Lobos e agora vi o recente “Getúlio” drama
histórico e há um tempinho atrás o sucesso de publico “Até que a sorte nos
separe” comédia, com humor despretensioso, entre tantos recentes sucessos nacionais.
Passa até em festival da TV GLOBO, tem apelo de público pelo cinema nacional
brasileiro, só que sem aquela magia que me fizeram encantar pelo cinema,
incluindo os nacionais, como sétima arte.
. Principais nomes do Cinema novo:
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