Num domingo nublado, chuvoso de
25/05/2014 indo a Zona Sul, levando filho a evento de mangás e animes, em
Laranjeiras, fui pra Copacabana aproveitando, para tirar fotos diversas do
bairro e praia, aproveitando rever o tão freqüentado antigamente cine Roxy na
Av. Nossa Senhora de Copacabana. E claro fui ver “Getúlio” – pela atuação
comentada de Tony Ramos, a reconstituição de época e por conta além de
prestigiar cinema nacional dos bons como sempre o fiz, a trama, o drama desse
presidente que tanto marcou o país e ali, indo a fundo, na intimidade de seus
últimos momentos em vida. E porque há algumas coincidências dele com minha
família. Vejamos...
24 de agosto de 1931, Dra. Lucia, minha
mãe, nasceu em Lisboa, Portugal, vejam só. Veio Luciazinha nenê para cá, o
Brasil. E há uma história que ela tanto contava dessa data: que neste dia o meu
tio Maurinho, ainda criança morreu, teve que vó Maria dividir alegria e
tristeza no mesmo dia. Anos mais tarde vendo vó chorar por ele, ela se sentiu
“culpada” por ter vindo substituir ele, quanta suscetibilidade sensível! Claro
que Vó Maria negou e diz que ela foi até uma compensação, apenas chorava a
perda de um filho.
24 de agosto de 1954: mama fazia 23 anos,
quando escutou pelo rádio o suicídio e morte de Vargas. Logo no dia do seu
aniversário lamentou consternada! E vendo o filme descubro que ele escolheu
esse dia pareceu-me por ser o dia da morte de seu filho chamado por todos
Getulinho, que por coincidência era como meu tio Francisco Carvalho Matos era
chamado por ter alguma semelhança física.
Coincidências a parte, foi um choque para
minha mãe e toda nação. No final se pode ver a dimensão disso e confesso que
senti um pouco desse choque, choro e comoção vendo a cena, com a filha Alzira
Vargas, interpretada por Drica Moraes, se desesperar ao ver enxaguado de
sangue o pai estanque pela bala no
coração: ali era não só o presidente que se foi, mas um pai. Que ela achava
honrado sim apesar dos detratores!
O filme reforça essa intimidade além do
poder – vemos a angustia do homem diante o avanço das denúncias em torno do
atentado na rua Tonelero, contra o Deputado Carlos Lacerda e que tirou a vida
do Major Vaz. O que se denominou na época “mar de lama”, com seu chefe da
guarda pessoal o dito “anjo negro” Gregório Fortunato envolvido em tramas
submersas que respingaram no Presidente. Ele agora um presidente eleito não
queria renunciar, só com seu cadáver sairia dali dizia. E assim o fez, num
pacto de sangue e morte consigo mesmo.
O filme começa com reflexões de um Getúlio Vargas
sabendo que representou pro bem e para o mal uma contradição com a nação, ao
país, desde quando junto com militares fez o golpe que resultou na época a
chamada República Nova. O chamaram de ditador, mais ainda no Estado Novo quando até fechou o
Congresso. Ele se fez espécie de caudilho e pior flertando com o fascismo de Mussolini
e Nazismo de Hitler, em meio ao
integralismo e repressão ao comunismo.
Ao
mesmo tempo é uma espécie de pai patrono dos trabalhadores brasileiros ao criar a
CLT fundando o trabalhismo brasileiro e progressista nacionalista ao criar a Petrobrás e a Companhia
Siderúrgica Nacional e valorizar a exportação do café. Queria um dia ver um
filme indo a fundo nessa época áurea dele, como assim o fez sobre seu início na
cena nacional o livro também intitulado “Getúlio” de Lira Neto. Quanto paradoxo
trouxe, mas no final das contas ficou como benfeitor apesar das campanhas sórdidas
de lhe detratar e fazer vir renunciar, encabeçadas por Carlos Lacerda, Afonso
Arinos, os Brigadeiros, certa opinião pública e até Café Filho seu Vice.
O filme retrata seu staff na Sede de
Governo, no Palácio do Catete no Rio, tentando ver saídas e no final só ver a
sua saída em renúncia como saída. O que ele recusa por ter sido eleito
democraticamente. Corações e mentes envolvidas entre a emoção e a razão. Deixou
ao final sua carta testamento que aqui reproduzo e agora no filme vemos esse
dia, 24 de agosto em que saiu da vida pra entrar na história como tão ficou
famoso sua carta derradeira escrita e assinada em baixo.
O trailer do filme...
Um documentário sobre a vida desse grande estadista...
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