COMO DESFAZER – ENTRE TRALHAS, LP’S E
LIVROS FILOSÓFICOS INTELECTUAIS
Hora de fazer faxina e arrumação definitiva
da casa que era de mama um dia, mesmo que haja uma certa forma de dó afetiva efetiva. Mas uma complicação a mais mesmo é desfazer de
certas preciosidades. E curiosidades.
Não dos que viraram tralhas. Há coisas
guardadas não conservadas inexplicáveis, papéis desfeitos, documentos sem
valor, cacos e restos de coisas e objetos de que não valem mais, não funcionam,
revistas e livros e discos agora imprestáveis. Inacreditáveis estarem a se
amontoar!
Há coisas guardadas mais pelo fator afetivo
e acima de tudo histórico de cada um. Tipo cadernos, provas, trabalhos
escolares, coleções culturais e de diversão. Sejam recibos e faturas de
negócios e compras. Aqueles objetos e cartões que um dia foram dados ou
recebidos em consideração, mas datados, não valem mais!
A primeira que dá pena desfazer são LP’S – longs Plays - tão caros em estima que tinha,
de tantos cantores de MPB e internacionais de qualidade, alguns ditos
dinossauros. Com suas capas ainda atraentes, os bolachões pretinhos são o must
da recordação musical que era tão recorrente.
Mas sabe o que pior desfazer mesmo? Dos
livros. Que meu pai, compulsiva ou deliberadamente comprava. Diz ai como se
desfazer de Agatha Christie e seus crimes de mistério, mas acima de tudo os de
filosofia, com Kant, Nietzsche, Sócrates, Platão, etc.
Ficar por verniz intelectual nunca foi meu
time confesso. Mal li a maioria, sempre fui mais fã de sabedoria que de filosofia.
Mais direto ao ponto. Porém como renegar os grandes pensadores filosóficos?
Desfazer parece até sacrilégio, apesar do
pouco espaço em minha casa para acolhê-los. Dar aos sebos, as bancas de esquina,
é abrir mão de um gosto musical nos
casos dos discos em sua coleção como relicário sonoro, e abrir mão de concepção
intelectual filosofal dos livros?
Não sou dado a esses tipos que andam com
livros referencias de intelectualidade. Não preciso disso: ser um verniz do que
não sou – intelectual. Apenas sempre disse que estou além da média medíocre de
certa maioria populacional desse país.
O tempo passa, modismos se vão, mas a
verdade ali é uma: tudo isso que se pode se desfazer fisicamente, não se
desfaça por desmerecimento. É algo
diferente do que é diferenciado, de valor inestimável e imprescritível.
Resguardar tudo isso da poeira do tempo é
uma prova de decisão. Mas mesma que tudo isso se vá, lá no fundo tudo isso
permanece: porque as músicas e os escritos se perpetuarão nos sentidos, estão
além de mim, apenas não mais a mostra á vista de meus olhos – só isso!
"Muitas pessoas carregam a vida inteira o
peso de coisas que foram importantes no passado, mas que hoje somente ocupam um
espaço inútil em seus corações e mentes."
(Martha Medeiros)
(Martha Medeiros)
Depois de tamanha arrumação e de desfazer das tralhas ou separar o joio do trigo, do inutil ao ainda interessantes, cansaço do trabalho, ufa...
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