JOSÉ-ZEZINHO – O TEMPO SEM O VENTO
( UM POEMA-CONTO )
PARTE I : O ZEZINHO-JOSÉ
Há tanto tempo que se passou...
Nasceu nosso personagem José.
Não gostava do nome, pois em diminutivo chamavam:
- ZEZINHO!
Preferia até Jeremias, a não ter diminutivo chamando-o.
Fez 9 ( nove ) anos já há tanto tempo atrás!
Perdeu até a conta na curva temporal.
Naquele tempo queria ir para a rua,
não deixavam – diziam ser avenida movimentada.
A toda hora perguntava-se com quem iria ficar,
quem cuidaria dele, faria o papel de babá
( não podia ficar sozinho em casa,
nem quintal, muito menos na rua! ).
Houve um avô, que no mesmo dia nasceu,
no dia de seus 9 anos, 90 redondos ele fez!
Pediram para ficar de olho no vovô,
Zezinho-José no alvorecer da vida,
não tinha paciência no pleno vigor físico no auge,
não queria, apenas aceitava, ser quase babá de venerável vô.
Hora de assoprar as velinhas, tinha um 9 para Zezinho,
tinha um 0, para acrescentar aos 90 do avô.
Falaram para ter um desejo no sopro,
sonhou o menino um rápido passar do tempo,
de ser logo adulto, mais velho,
sem depender de mais ninguém!
Gostava do avô – dele era seu xodó.
Mas tinha a impaciência infanto-juvenil
à velhice e suas conseqüências e seqüelas.
PARTE II: O JOSÉ-ZEZINHO.
Aniversários passaram tão céleres,
a juventude como que distraída,
se perdeu, ficou para trás.
Agora era o Sr. José, mas como tinha vontade,
de ser o Zezinho de tempos de outrora.
Quase na decrepitude, decadência,
fatal/idade.
Todos se perguntavam:
- Quem vai ficar com o vovô?
- Quem vai levar ao médico o vovô?
Santo Deus! Deu conta que era agora
o adulto que tanto sonhara, desejava,
e voltava quase o menino dependente de antes!
Seu corpo vergava, se escorava numa bengala,
e nenhum netinho o socorria!
Misericórdia! A mesma inflexibilidade,
aos limites do ancião, corpo que não responde aos reflexos.
Havia mais respeito antigamente...
essa geração impaciente o renega?
Não viu em menino a velhice que chegaria.
Quem na tenra idade a enxerga?
Aniversário chegou de seus 90 anos...
Eis que quis inverter para 09 anos!!!
Um pouco pela irreverência senil-infantilizada da vida.
Um pouco porque queria suas exuberâncias primaveris.
Um tanto porque voltava a infância na expiação outonal.
E lá se foi seu José-Zezinho, Zezinho-José,
no crepúsculo da vida ter de novo 09 em 90 anos de existência!
E COMO NO POEMA DE DRUMMOND SE PERGUNTA:
E AGORA JOSÉ????
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