MÚSICA CALADA NO AR
Uma música paira no ar, inspiração.
Ela se apresenta teimosa em letra de canção.
Do que poderia ser poesia simplesmente,
que bastaria um papel impresso e divulgá-la.
Ela se insinua em cifras indecifráveis,
de como da composição vir a instrumentalização.
De tocá-la aos quatros ventos a escutá-la,
não essa música sem acorde e acordeom.
Ecoa seus tons & sons em cenário imaginário,
corolário de meu eu tão místico-musical.
Introspectiva, e, no entanto, ela flui instigante,
ovacionada em show de ribalta de sonhador acordado,
sem saber jamais como produzir e protagonizar.
De como deixar de ser cantoria calada e abafada,
murmurada ou meramente registrada em fitas cassetes,
como gravação captada de suas harmonias delineadas,
ainda que tosca, prosaica, rudimentar, incipiente.
Ser um anti-sucesso guardado em segredo
e que aqui revelo como deveria: só no (d)escrito.
Lamartine Babo compôs suas obras-primas,
sem saber tocar suas célebres composições.
Que fazer se não tenho as pré-condições!
Skank canta sobre quem já não sonhou ser jogador de futebol.
Já tive, como todo rapaz, mas a mais viva foi cantor-compositor,
sem querer saber se teria um palco iluminado, se seria consagrado...
Antes de querer escrever poesia, o que queria mesmo era ser letrista, e mais ainda ser compositor. Uma estranha compulsão de quem não toca nenhum instrumento, nem canta, mas sempre imaginou melodias nunca postas em prática. Mas quantos festivais eu imaginei estar, nos palcos alguém cantando ou eu lá, vencendo minhas limitações musicais,
Essa paixão adveio de maneira inusitada. Tínhamos o melhor som da rua, novos coleguinhas vieram atrás pondo em especial o som melodioso “Blacks” americanos, ou o pop de Elton John – que agora está no ROCKNRIO o fazendo revisitar. Mas andando pelo Centro da cidade me deparei com uma revista de cantores e compositores brasileiros. Foi ebulição química musical na hora.
Passei a escutar no lugar das estrangeiras, os nacionais transcendentais em seus sons ecléticos e de qualidade de arranjo e melodia de alto nível que se emoldurou no que se chama MPB, ainda que goste de muitas mais populares, porque não. Era Geraldo Vandré, Caetano, Milton, Gil, Chico Buarque, entre tantos sons. E as cantoras de fino trato como Simone, Gal, Bethânea, etc.
Isso mexeu no meu imaginário musical, e veio em formas de letras que logo eram musicadas mesmo sem som. Mas a parte essas faceta inusitada, comprava discos e mais discos, bebia de todo tipo de som, a turma de Minas de Milton Nascimento – com Lô Borges, Beto Guedes e seus asseclas cantantes e compositores., os novos gaúchos, o som da Bahia com Moraes Moreira, do nordeste em geral com Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Remalho, Elomar, etc e outros, de diversos ritmos e melodias. Outro dia vi a dimensão dessa paixão. Quantos LPs que terei que ver o destino a eles ser dado, tantos e tantos e tantos.
Curtia o fim de tarde semanais com shows no Teatro João Caetano no Seis e meia no Centro da Cidade - RJ ( no caso da tarde ). A música sempre esteve na veia. Mais que tudo. Não gosto de escrever algo sem colocar algo que tenha um som de primeira qualidade ou com temática a ver. A música nos transporta, nos enternece, nos energiza, cria um clima romântico, ou de ebulição de percussão e baterias, de sublimação.
Música transpassa em nossa alma, ou remexe com nosso corpo. Ainda tenho o sonho musical de minhas próprias composições. Mas como nem sempre dá, repito Milton na canção abaixo: “ Certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim que perguntar carece – como que não fui eu que fiz? ”. E segue-se revendo o primeiro ídolo POP ELTON JOHN, em “Lucy in the Sky of diamonds” – cujo vídeo no youtube abaixo tem a mesma capa do primeiro disco que comprei na vida. Música foi minha primeira PAIXÃO DE VIDA - será sempre primordial para mim e acredito para todos.
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