(DIS)TORCIDA
Torcer por um time de futebol,
era como fizéssemos também o gol.
Que seria mais que êxtase, transe,
quase um orgasmo esportivo.
Superação dos limites do corpo,
a bola o centro gravitacional do olhar.
E que ao ser seu clube/time campeão,
cada um sentisse como um vitorioso também.
Mitigando, relevando,
os fracassos e idiossincrasias
da vida cotidiana, do mundo mundano,
fora dos estádios...
Quanto prazer havia,
em jogos bem jogados,
jogadores identificados
com a camisa do clube/time.
Que saudades das jogadas de talento, de Zico, Rivelino
e outros craques da arte na ponta das chuteiras...
E mais que tudo, das domingueiras no Maracanã,
de tantos arquibaldos e geraldinos,
que sabiam que ao vivo mais vibravam,
que sabiam só haver uma sã competição.
Que saudades da sonoridade pulsátil, pulsação no concreto,
do colorido de camisas e bandeiras, do show das torcidas.
Mas o torcer virou um (dis)torcer,
quando o que era um confrontar quase místico,
com bandeiras e uniformes,
virou um enfrentamento físico,
em bandalheiras e violências disformes.
Uma guerra insana, não um embate com “Fair-play”.
Ficamos pois à mercê da senda da sanha,
do vândalo, bárbaro,
não-torcedor,
um obsessivo-maníaco desagregador.
Maculando com deselegância e agressões desmedidas,
mortificando com rixas, a vir vis violências descabidas.
Que voltem as famílias, as crianças,
as torcidas que só buscam o prazer,
de assistir sem se assustar,
o tão venerado esporte bretão.
Que se volte a torcer e não só simpatizar,
distanciando aquele que ante a fria TV, só sobra o espiar.
Que não se decline demais, o futebol,
como paixão e preferência nº 1 nacional.
Não vire um eterno (R) 0 X 0 – RUIM ZERO A ZERO!
Um, aos poucos, raso espetáculo, um ZERO À ESQUERDA.
Um zerar de comoção nos corações estremecidos,
um finar de final de festa, uma eterna quarta-feira de cinzas.
E assim poderíamos,
todos os amantes do antigo Football,
ao vivo e a cores, todos os torcedores,
voltarem aos estádios.
E exaltar, delirar,
vibrar com emoção.
Dos nervos à flor da pele, o descarrego:
na voz que grita desembalada,
da garganta enrouquecida que pulula,
o corpo enlouquecido que pula,
saciada a fome e sede da bola na rede
no...GOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLL!!!!!!!!!!
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