Salve o mestre Carlos Drummond de Andrade:
no seu dia D...
no seu dia D...
Com sua maestria na poesia e na crônica poética, além dos contos.
Meu guru, meu paradigma, ainda que modesto diante de sua grandeza literária.
Segue aqui minha reverencia e que declaro ter como referência...
Nasceu nesse dia e não sei se foi mais deste mundo:pois ficou no inventário em que somos herdeiros de seu talento
“As pessoas não morrem, ficam encantadas” - escreveu Guimarães Rosa. Serve como luva ao poeta maior Drummond
Jamais poderia ousar querer ombrear, porém como diz verso seu “Nascer de novo” :
Em cada gesto meu
que se reduz a ser retrato, espelho,
semelhança de gesto alheio
aberto em rosa”.
Diz certa mensagem: “Não me pichem leiam meus livros” – que honra o fazer com suas crônicas e poemas aqui do lado de monumento em seu intento – Drummond.
Jamais poderia ousar querer ombrear, porém como diz verso seu “Nascer de novo” :
Em cada gesto meu
que se reduz a ser retrato, espelho,
semelhança de gesto alheio
aberto em rosa”.
Diz certa mensagem: “Não me pichem leiam meus livros” – que honra o fazer com suas crônicas e poemas aqui do lado de monumento em seu intento – Drummond.
E abaixo um verso meio que esquecido entre os celébres, mas pra mim a descrição mais precisa e preciosa do ser amoroso...
Amar
Carlos Drummond de Andrade
Que pode uma criatura senão
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
E o primeiro verso lido nunco esqueço:
E o primeiro verso lido nunco esqueço:
Nascer de novo
“Nascer:
findou o sono das entranhas.
Surge o concreto,
a dor de formas repartidas.
Tão doce era viver
sem alma, no regaço
do cofre maternal, sombrio e cálido.
Agora, na revelação frontal do dia,
a consciência do limite,
o nervo
exposto dos problemas.
Sondamos, inquirimos
Sondamos, inquirimos
sem resposta:
Nada se ajusta, deste lado,
à placidez do outro?
É tudo
guerra, dúvida
no exílio?
O incerto e suas lajes
criptográficas?
Viver é torturar-se, consumir-se
à míngua de qualquer razão de vida?”
“Eis que um segundo
nascimento,
não
adivinhado, sem anúncio,
resgata o
sofrimento do primeiro,
e o tempo
se redoura.
Amor,
este o seu nome.
Amor, a
descoberta de sentido
no
absurdo de existir.
O real
veste nova realidade,
a
linguagem encontra seu motivo
até mesmo
nos lances de silêncio.
A
explicação rompe as nuvens, das águas,
das mais
vagas circunstâncias:
não sou
eu, sou o outro
que em
mim procurava seu destino.
Em outro
alguém estou nascendo.
A minha
festa,
o meu
nascer poreja a cada instante
em cada
gesto meu
que se
reduz a ser retrato, espelho,
semelhança
de gesto alheio
aberto em
rosa”.
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