NEGRA(O) AMIGA(O), IRMÃ(O)-CAMARADA
Uma recordação da mais tenra idade,
é que um dos maiores amigos da infância, Celso, foi um negro.
Quem é ou foi suburbano no bom sentido correto, o geográfico,
há de ter tido um também.
Era como o irmão-de-fé-camarada,
que Roberto cantava para Erasmo Carlos.
Naquele tempo nem relevava essa dita diferença.
Até o tempo de crescermos.
Tantas meninas brancas o rejeitaram no namoro,
como se só na amizade pudesse compartilhar, ao seu tipo.
Tantas meninas mestiças o renegaram na paquera,
como se rejeitassem o seu próprio sangue e genótipo!
Mas o pior estava por vir:
quando um camburão nos parou por ele estar comigo
e só a ele o revistou.
Meu carro em blitz passava impune:
No ônibus só a ele pedia-se a identidade.
Não poderia ser eu o bandido?
Segui na faculdade,
e ele tão inteligente,
ficou para trás num emprego subalterno,
como se fosse esse o seu papel na sociedade.
Passei a viver em outro meio social,
e não havia mais um amigo de cor,
e quanta falta fazia o seu sorriso de alegria tão sincera.
Precisei ter uma nova amiga, Regina, negra,
minha confidente de toda hora,
para agora relembrar que a irmandade na amizade,
independe de cor, raça e do social.
Não há de ser só na meninice,
de sermos isentos dessas amorais idiotas idiossincrasias.
Importante é: é competente? é honrado?
é benigno? é leal?
Assim não haverá segregação de pessoas ditas diferentes.
Assim todos serão seres humanos, todos indistintos.
Apartai o apartheid implícito,
que nos queiram impingir,
em todos elevadores sociais, em todos meios correlacionais que existir...
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