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10 de janeiro de 2015

O PAGADOR DE PROMESSAS EM FILME E MINISSÉRIE - UMA PERCEPÇÃO DE AGORA



Rede Globo tem feito em formato de filmes, minisséries de sua história. E nesta semana reprisou nesse formato “O pagador de promessas”. Claro que não pude deixar de rever essa história originalmente que eu saiba uma peça teatral do dramaturgo, escritor e novelista Dias Gomes, um saudoso extraordinário autor escritor. E fazer essa percepção de agora.

De primeira, no entanto, me fez relembrar não de quando passou a série, parece que em 1988, mas bem atrás: quando vi pela primeira vez o filme ganhador da palma de ouro de Cannes de 1962 vejam só. Posso dizer que no sentido filme nacional foi o primeiro que me chamou atenção, foi impactante, em especial o clímax final genial proposto pelo autor, embora tão triste...

Eram anos 70 quando vi e jamais esqueci as performances dos artistas, em especial Leonardo Villar, capitaneado pela Rosinha feita por uma Glória Menezes novinha. tão bem dirigidos por Anselmo Duarte, que também já foi ator. O filme era em preto & branco, nítidas dificuldades de filmagem e, no entanto foi algo maior: digno de nota.

A história de intolerância religiosa com cunho social ajudava claro. A fé que movia aquele personagem Zé do burro, aparentemente teimoso, e na verdade fiel a seus princípios. Por conta do equívoco que se traz até hoje de sincretismo religioso, faz sua promessa de cura de seu burro bichinho pra Iansã como fosse a mesma coisa que santa Bárbara.

Todos sabem que foi algo que se fazia pelos antigos escravos, porém realmente espanta como prossegue em parte do imaginário popular, sem querer desmerecer a religião afro-brasileira. Porém o padre intolerante da Igreja Soteropolitana de Santa Bárbara, a perceber que o mesmo fez por ser ignorante, não o deixa pagar sua promessa levando a cruz que tanto pesou no caminho em dívida de sua fé ferrenha.

Aos poucos o clima em volta ficou cheio de aproveitadores ou se confundiram com a boa fé do Zé: o malandro que é meio cafetão de prostituta em cima da até então ingênua Rosinha. O jornalista sensacionalista que quer ver algo agitador social de esquerda e pela luta fundiária. E os capoeiras em sua luta contra a discriminação que sofriam desde sempre.

O clima pesou cada vez mais até a chegada da polícia sem razão de ser. E quando passa de pacífico a revoltado indignado, vem a morte dele baleado e o povo respeitoso o levando na cruz adentrando a igreja na força popular, feito um tosco mártir inglório Cristo caboclo, é algo que mexe dentro de nós. O seriado agora pra mim foi mais bem gravado, claro dentro do padrão Rede Globo, mas não foi como quando vi aquele filme mais simples, mas tão bem elaborado dos anos 60.

Gostei sim da nova Rosinha feita por Denise Milfont, já o Zé do burro de José Meyer ficou parecendo menos interiorano, claro numa época que o mundo moderno já chega até nos sertões, já não tão sertão assim. E a Salvador de agora já não é tão provinciana como era na época do filme. Não sei dizer por que me identifiquei mais com a primeira versão, mas ambas teve esmero e capricho.


A história ainda é marcante, das agruras da gente de nosso povo ignóbil. E hoje já nem tanto como antes. O que mais machuca ali é perceber que a inocência e a bondade sempre são engolidas como na música de Chico Buarque fala, da roda viva que carrega tudo pra dentro dela. Só que aqui a roda da morte rondou um coitado que só queria pagar sua promessa de fé levada na cruz como no fardo de sua paupérrima vida até então sofrida.


Imagens do filme original:














 E da série...







VÍDEOTRAILER DO PRIMEIRO FILME:






O pagador de promessas - uma análise...


Que tal vermos em formato teatral?








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