Há muito anos atrás se dizia que geralmente
acontecia, se acometia a crise dos 5 anos nos relacionamentos. O que se achava
chato de previsão, hoje parece um senhor tempo de duração. Que tal amor(es)
ditos eternos de 3, 4, 6 meses, enquanto
dure?
Tão rápido assim, feito mariposas que se
suicidam na luz nas lamparinas? Não se generalize porém. Porém boa parte sim.
Numa vida que dura muitos e muitos anos
de vida, parece nada, e é quase nada, mas dependendo de sua intensidade e
abrangência pode sim ter sido infinito e assim eterno por si só.
Só que o tal do infinito enquanto dure do
Soneto da fidelidade de Vinicius de Moraes. Uma vez escutei um Senhor cheio de
verdades de filosofias baratas dizer que os casais de hoje não tem amor, mas
vontade, fissura, desejo, que se acaba e dizem estar amando quando apaixonados
apenas.
Quem sabe? Jamais esquecerei um casamento
que causou frenesi, furor de uma amiga de minha irmã em Vargem Alegre, Município
do interior do Rio de Janeiro. Uma festança, como se gostavam nossa, até saber que
6 meses já se separavam – e todos convidados estupefatos como que viram só uma
encenação.
Recente tive um de 4 meses. A pessoa
insistia que se permanecesse, se empenhou em conquistar, ao que se acomodou,
quando se questionou-se o porquê, de um cartão com coração dizendo amor eterno
no natal uma semana depois ano novo um basta sem pestanejar sem um pingo
daquela que dizia tanto amar.
Será que existe o eterno enquanto dure que
tanto falam de forma errada do tal
soneto de Vinicius? Nosso grande Drummond diz que “Eterno é tudo aquilo que
dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e
nenhuma força o resgata.” – ou seja eterno pelo momento.
Pode ser isso: eterno até pra se lembrar
enquanto durar, não pra perdurar. Já não se fazem casais como antigamente? Na
série que anda passando na TV GLOBO, “Felizes para sempre?”, o personagem pai
que faz 46 anos de casado se diz sem libido pra esposa já curtida pela vida e
eles celebraram o tal amor maduro, seria morno talvez como muitos fazem em acomodação.
O filho diz que tantos anos de rotina não
tem como manter acesa a chama. Como assim? Será que sentimento está desatrelado
disso com os anos? “Você sabe que alguém te ama não pelo que ele fala, mas pelo
o que faz. O amor não sobrevive de teorias....” diz o padre Fábio de Melo.
Agora como pode de 46 anos se resumir pra 3,
4, 6 meses ou pouco mais? Será que além dos 15 minutos de fama de Andy Warhol,
agora temos o tempo delimitado de 3, 4, 6 meses, escassos tempos de suposto
amor? Outro dia vi em rede social que muitos proclamam alguém amor e daqui
alguns meses tiram seu status de “relacionamento sério” que é como chamam o
antigo estável.
#SQN. Não é estável, mas quase que falam
como fosse ser eternos. Iniciados mais pela empolgação e alguma dose de
encantamento em certos casos, mas volátil, volúvel, ao sabor dos intentos e
instantes? Será isso???
Não sei dizer que fenômeno relacional é
esse. Descartáveis tipo usou, abusou agora joga fora da vida se lixa do querer
e do sentir? Ou é algo natural em épocas práticas e objetivas. Até pode nem ter
sido deliberado, apenas não subsiste por mais imenso vira imerso.
Só que hoje o outro lado tem quase os
mesmos seus 4 a 6 meses de inconformação
e como num passe de mágica, sai pra outra – nem dor de cotovelo hoje dura
mais como antes. Os seres inconsoláveis, feito Werther de Goethe, só ocasional
quando vira algo passional em si.
Ou com complacência e consentimento de
ambos saindo em sentidos opostos. Feito uma relação que se aposta e que de lado
é posta, aponta a logo se fazer não mais disposta a prosseguir, após um período
de experiência, que não tem continuidade a excelência como ponto de chegada.
Acabou-se o que era doce, vou atrás de
outras formas de viver. Trabalhar, estudar, viajar, cuidar dos filhos, ter
lazer. Ou achar alguém pra curtir mesmo que não seja assim tão grande e sem
pensar se vai ter futuro. Uma hora já não se acredita mais no infinito amor
eterno de tempo ínfimo.
Imagine de uma vida inteira. Há quem não
desista, insista. Antigamente procurava, hoje deixo não ao destino e Deus a
trazer ,deixando chegar se vier e valer, mas ficamos céticos. Não descartamos
em si, mas não ansiamos como fosse ter que ser e acontecer.
Pra não ficar no infinito enquanto dure nos tais efêmeros, parcos, malfadados 3, 4, 6 meses,
enquanto durar... Que se não é regra, não é tão exceção!
Um parêntesis: Pode parecer que
inconsistentes desde o início, já se começam como ilusão um ao outro, porém há
quem o faça por acreditar de prima. De primeira. E aí feito a canção “Por
Enquanto” de Renato Russo e sua Legião Urbana, tão magistralmente cantada por
Cássia Eller é meio como se pudesse dizer:
“Se lembra quando a gente chegou um dia a
acreditar...
Que tudo era pra sempre,
Sem saber, que o “pra sempre”,
Sempre acaba ...”
Sempre acaba?
Na natureza tudo se transforma.
ResponderExcluirNão seria o amor,igual a natureza?