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UM ABRAÇO AFETUOSO DO TAMANHO DO MUNDO PARA TODOS!































16 de janeiro de 2015

DALVA E HERIVELTO - INDIRETAS CANÇÕES DE DESAMOR - VENDO A SÉRIE GLOBAL





Há muitos anos atrás jamais esqueço mama Lucia cantarolando “Segredo” ( “ Seu mal é comentar o passado. Ninguém precisa saber. O que houve entre nós dois. O peixe é pro fundo das redes, segredo é pra quatro paredes   ) e pude saber dessa cantora da chamada velha guarda da música brasileira chamada Vicentina de Paula Oliveira e que ficou conhecida e famosa como Dalva de Oliveira. Eu mais chegado a gerações musicais pós 1960, fiquei sabendo dessa admiração da geração que viveu o auge do Rádio ( em especial Mayrink Veiga e Nacional ), além de palcos de cassinos que existiam. E Dalva preponderou como uma espécie de rainha do rádio. Ao saber do detalhe dessa canção com mamacita, vim a saber da situação que a gerou: as traições de seu marido Herivelto Martins, que formava com ela e outro companheiro de palco negro chamado Nilo Chagas , que tiveram a alcunha Trio de Ouro.



Ao que começaram ocorrer uma complicada forma de indiretas ( ou diretas ) musicais um pra o outro da relação conturbada do casamento a partir de então. Como hoje se faz pela internet, eles fizeram esse jogo de letras e músicas que jogavam essa divergência de casal explícita em público. Quando utilizada através da imprensa em formas de denúncias, foi a fratura exposta definitiva de ambos, que fez até que seus filhos Pery Ribeiro que viria a ser cantor de certo sucesso e o outro Ubiratan, terem que ir pra internato pela justiça.

Abaixo segue o roteiro resumido disso em canções de desamor e desentendimentos feitos pela escritora blogueira Patrícia Palumbo. Foi em meio a isso que a série Dalva e Herivelton demonstra em meio a atuação soberba de Adriana Esteves e digamos certinha de Fábio Assunção. A troca e abandono dele não foram assim repentinos, porém, diga-se: ao se sentir desprezada e menosprezada como mulher ela começou a se deixar levar por outros homens. Como se diz por aí, mulher não trai, se vinga. Vinga ou busca compensações? Afinal ele buscou uma relação extraconjugal com uma comissária de bordo gaúcha vivida na trama Global por Maria Fernanda Cândido, com quem viveu na real até o fim da vida dele. Depois ela mantém relacionamentos que não prosperaram com cantor latino Tito Clement e um rapaz mais novo que ela, que após acidente grave de carro com outros mortos, o fez preso e prejudicando a relação.

Interessante verificar que destarte a identificação musical dele com Dalva, e interesses comuns profissionais, como se deixa se levar por uma necessidade de novo desejo. Isso fez com que ele fosse execrado pelo público, que sentiu ela mais vítima, ele algoz. Algo contraditório. E afinal ela que tinha o maior carisma, era a voz consagrada e querida da mídia de época. Ela só queria a fidelidade já que amava o marido. Quando o interesse se vai desvai, nada segura. Ainda mais quem tem como norma de conduta trair na infidelidade. Ou por conta de ter desgostado dela, acontece.

Uma pena, um casal que se ajustou na música e na aproximação afetiva se perdeu como tantos casais, só que estes dois eram notórios e isso fez com a lavagem pública por músicas e entrevistas virassem uma lavagem suja de roupa. Daí que não sei se o título da série agora repassada em formato de filme que vi com gosto deveria ter o subtítulo em “uma canção de DESAMOR”.  Por que foi isso que aconteceu se sucedeu. Ela no leito de morte a suspirar em delírio uma declaração de amor dele que só houve no início quando tudo era encanto.


E assim é com todos que tentam uma união estável, harmoniosa e que se acredita eterna até que por mais que parecesse segura, caiu na amargura do cada por si e vida que segue. Ela manteve o sucesso e ele meio que caiu no ostracismo, apesar de ser considerado talentoso compositor. A vida desune uma aliança que parecia firme e virou um jogo de desavenças. No final das contas, no entanto o que fica é o sucesso de uma rica história de cantorias, canções e uma cantora que foi um primor de sua época. Chamada de rainha da voz rouxinol do Brasil, a mulata clara de lindos olhos verdes. E que minha mãe se fez fã como tantas outras, nos áureos tempos entre 1940 a 1960...



O que mais ela queria na verdade desde o começo
 é seu último sucesso retumbante "Bandeira branca"...


E cantar "Hino ao amor"...




As canções da briga Dalva e Herivelto:
Endereço da postagem: 
http://patriciapalumbo.com/2010/01/07/as-cancoes-da-briga-dalva-e-herivelto/
Publicado em 07/01/2010 por Patrícia Palumbo

OBS: Com inserção da maioria das referidas canções.

As coisas estão esquentando na nossa novela favorita. E pensar que tudo isso se passou há uns bons 40 anos ou mais e a gente aqui, sofrendo as agruras do casamento desfeito tendo a música como pano e fundo e, vou confessar, pra mim como protagonista, personagem principal.

Por isso, dedico esse post às canções que foram feitas, gravadas, escritas especialmente para essa briga conjugal das mais famosas da nossa história.

Como já contei no post anterior Herivelto já anunciava a separação quando compôs “Caminhemos” gravada por Francisco Alves. No mesmo ano fez pra Dalva “Segredo” e já tinhamos aí dois clássicos numa tacada só. Vamos às letras:

CAMINHEMOS

Não, eu não posso lembrar que te amei
Não, eu preciso esquecer que sofri
Faça de conta que o tempo passou
E que tudo entre nós terminou
E que a vida não continuou pra nós dois
Caminhemos, talvez nos vejamos depois

Vida comprida, estrada alongada
Parto à procura de alguém
Ou à procura de nada…
Vou indo, caminhando
Sem saber onde chegar
Quem sabe na volta
Te encontre no mesmo lugar


Com o filho Pery Ribeiro
  

SEGREDO

Teu mal é comentar o passado
Ninguém precisa saber o que houve entre nós dois
O peixe é pro fundo das redes, segredo é pra quatro paredes
Não deixe que males pequeninos
Venham transformar os nossos destinos
O peixe é pro fundo das redes
Segredo é pra quatro paredes
Primeiro é preciso julgar
Pra depois condenar
Quando o infortúnio nos bate à porta
O amor nos foge pela janela
A felicidade para nós está morta
E não se pode viver sem ela
Para o nosso mal não há remédio coração



  
Mas a polêmica mesmo veio depois quando Dalva volta de viagem, separada de Herivelto – que já estava morando com a nova mulher, e grava “Tudo Acabado”, de J. Piedade e Oswaldo Martins. Ela começa aí uma carreira solo de grande sucesso e Herivelto fica sem a estrela do seu Trio de Ouro e amarga também a perda de alguns parceiros. Isso foi no começo de 1950.
   
A letra:

TUDO ACABADO
Composição: J. Piedade / Osvaldo Martins

Tudo Acabado Entre Nós, Já Não Há Mais Nada
Tudo Acabado Entre Nós Hoje De Madrugada
Você Chorou e Eu Chorei, Você Partiu e Eu Fiquei
Se Você Volta Outra Vez, Eu Não Sei

Nosso Apartamento Agora Vive a Meia Luz
Nosso Apartamento Agora Já Não Me Seduz
Todo Egoismo Veio De Nós Dois
Destruimos Hoje o Que Podia Ser Depois




Aqui nessa gravação Dalva de Oliveira, ela mesma, conta a história da gravação de “Tudo Acabado” . Uma pérola!!

Outro sucesso estrondoso e feito na sequência foi o bolero “Que Será”, de Marino Pinto e Mario Rossi. Essa todos conhecem por conta da tal “luz difusa do abajur lilás” que é por si só uma crônica de época, vamos combinar!
    
QUE SERÁ
Marino Pinto / Mario Rossi

Que Será
Da Minha Vida Sem o Teu Amor
Da Minha Boca Sem Os Beijos Teus
Da Minha Alma Sem o Teu Calor

Que Será
Da Luz Difusa Do Abajour Lilás
Se Nunca Mais Vier a Iluminar
Outras Noites Iguais

Procurar
Uma Nova Ilusão Não Sei
Outro Lar
Não Quero Ter Além Daquele Que Sonhei

Meu Amor
Ninguém Seria Mais Feliz Que Eu
Se Tu Voltasses a Gostar De Mim
Se Teu Carinho Se Juntasse Ao Meu

Eu Errei
Mas Se Me Ouvires Me Darás Razão
Foi o Ciúme Que Se Debruçou
Sobre o Meu Coração




Essa foi um golpe mortal em Herivelto, já que seu parceiro de longa data, Marino Pinto assinava a canção. E aí o nosso querido e genial compositor entrou numa rota errada. Escreveu uma bravata em parceria com David Nasser e as coisas tomaram um caminho ruim. A música se chamava por ironia “Caminho Certo” e insinuava traições de Dalva de Oliveira com os amigos e parceiros compositores. Chutou o balde! Veja esse trecho: “Senti agora que os amigos que outrora/ Sentavam a minha mesa / Serviam sem eu saber / O Amor por sobremesa…”
Ofendeu todo mundo!! Dalva de Oliveira era reconhecida por sua hospitalidade, cozinhava pros amigos ainda em trajes de palco e depois sentava na sala pra cantar.



Daí é que veio em 1950 a famosa “Errei, sim”, de Ataulfo Alves: Manchei o teu nome /Mas foste tu mesmo /O culpado /Deixavas-me em casa /Me trocando pela orgia /Faltando sempre /Com a tua companhia…




Em resposta Herivelto fez “Teu Exemplo” falando de estrelas na lama. Dalva gravou na sequência “Calúnia”, de Marino Pinto e Paulo Soledade, e Herivelto fez com benedito Lacerda “Consulta Teu Travesseiro” e “Não Tem Mais Jeito”.

Dessa época a mais conhecida até hoje é “Palhaço”, presente de Nelson Cavaquinho e Oswaldo Martins para Dalva e que fazia referência à antiga profissão de Herivelto.

Aqui vai a letra:

Sei Que é Doloroso Um Palhaço
Se Afastar Do Palco Por Alguém
Volta Que a Platéia Te Reclama
Sei Que Choras Palhaço
Por Alguém Que Não Te Ama

Enxuga Os Olhos
E Me Dá Um Abraço
Não Te Esqueças
Que És Um Palhaço
Faça a Platéia Gargalhar
Um Palhaço Não Deve Chorar




Ainda em 1951 Dalva de Oliveira grava “A Grande Verdade”, de Luiz Bittencourt e Marlene dizendo coisas como “quando um dia o remorso chegar e da felicidade existir a saudade no teu coração verás ao teu lado meu vulto meio apagado…




A que Herivelto responde em parceria com Raul Sampaio em “Perdoar”: “Eu estou cada vez mais convencido/ de que aquela mulher é um caso perdido/ vem arrependida implorar perdão/ falta, erra e por fim / ainda confessa, errei sim”.




Assim foi até 1952 quando os ataques foram esmorecendo e Dalva, uma grande estrela nacional, começa a estourar nas paradas com outros sucesso como “Kalu", de Humberto Teixeira, e “Ai. Yoyô”, de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto, Marques Porto e Cândido Costa.


O resultado da novela é esse repertório incrível e uma história de amor dolorida e complicada. O cantor Pery Ribeiro, filho mais velho do casamento de Dalva e Herivelto, acabou escrevendo um livro de memórias incrível com Ana Duarte, sua esposa e empresária. O livro é uma das minhas fontes pra esse post. Aqui vai a dica: “Minhas Duas Estrelas – uma vida com meus pais Dalva de Oliveira e Herivelto Martins”.


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