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UM ABRAÇO AFETUOSO DO TAMANHO DO MUNDO PARA TODOS!































31 de janeiro de 2015

DESCARTES HUMANOS - DESCARTÁVEIS AMOROSOS AOS SOCIAIS



Coisinha fácil né... "Se quiser desfaz a amizade, me exclua". Em relacionamento: "SE eu morresse não ia ficar sem?" - Um desgosto na desfeita, hoje descartar virou carta na manga, uma frieza d’alma só, um chute no querer bem e além. Ainda bem que nem todos são assim - ainda bem!



Tem quem o faça como fosse brinquedo que depois de bom uso, coloca-se de lado. Ou então pelo simples falta de perda de interesse, como fosse um jogo de uso e abuso, depois da cisma e conquista perde a graça. Quase um lixo do que se consumiu até a míngua. Dá a língua, uma banana. Desfaz no que faz e fala.

Em termos de relacionamento a dois é como diz uma nova escritora chamada Clarissa Corrêa: “Admirada, percebo que certas pessoas ocupam lugares rapidamente. Trocam de romance como quem troca de brinco. Mudam de amizades como quem muda um par de sapatos. É um comportamento assustadoramente estranho, como se os outros fossem descartáveis.”



E quando há o Poder público ou paralelo, mandando sair, sem ter pra onde ir? Como seres fossem bichos que se virem na selva de pedra da cidade grande ou média. Podem se danar: saiam daqui, ponha-se pra fora!  Queremos o local livre, as pessoas que agora são só números que se fazem entrave e estorvos.

Existem os descartes profissionais – desemprega quando não mais convém. O que vale é dinheiro e desdém de quem contrata e destrata. A mais valia não vale ao empregado que vira manobra e depois sobra.

Há quem seja descarte pelo etário: como bastassem os anos passarem para que não valessem nada na escala em detrimento de sua experiência e sapiência: chama de velho e os sacam da rota.

Há quem seja descarte pelo político, étnico ou religioso: um quase “Odiai-vos uns aos outros como eu vos odiei” – por preconceito, por um preceito de não aceite das diferenças, da manipulação das massas entre imposturas impositivas.



E assim segue a humanidade: sem humanidade. A humildade e o respeito posto a prova de ferro e fogo. Em desafogo, em desapego. Rogai por nós pecadores Senhor! Cada um por si e só Deus por todos.

Nada e ninguém, é mais que alguém, mas eis que se faz. Por se sentir poderoso, dono da verdade, estar por cima da carne seca, desinfeta! Sai da reta...

E depois descortesia no nem aí: como fosse um quase psicopata social,  ou desalmados mal-amados.

E a arma de descaso apontada a quem pode não estar preparado para tal desonra, tamanha desfaçatez. Desconsideração de mentes mesquinhas. Ou malévolas.









29 de janeiro de 2015

AMOR(ES) ETERNOS DE 3, 4, 6 MESES ENQUANTO DURE - O PARA SEMPRE, SEMPRE ACABA?


Há muito anos atrás se dizia que geralmente acontecia, se acometia a crise dos 5 anos nos relacionamentos. O que se achava chato de previsão, hoje parece um senhor tempo de duração. Que tal amor(es) ditos eternos  de 3, 4, 6 meses, enquanto dure?

Tão rápido assim, feito mariposas que se suicidam na luz nas lamparinas? Não se generalize porém. Porém boa parte sim. Numa vida que dura muitos e muitos  anos de vida, parece nada, e é quase nada, mas dependendo de sua intensidade e abrangência pode sim ter sido infinito e assim eterno por si só.

Só que o tal do infinito enquanto dure do Soneto da fidelidade de Vinicius de Moraes. Uma vez escutei um Senhor cheio de verdades de filosofias baratas dizer que os casais de hoje não tem amor, mas vontade, fissura, desejo, que se acaba e dizem estar amando quando apaixonados apenas.

Quem sabe? Jamais esquecerei um casamento que causou frenesi, furor de uma amiga de minha irmã em Vargem Alegre, Município do interior do Rio de Janeiro. Uma festança, como se gostavam nossa, até saber que 6 meses já se separavam – e todos convidados estupefatos como que viram só uma encenação.

Recente tive um de 4 meses. A pessoa insistia que se permanecesse, se empenhou em conquistar, ao que se acomodou, quando se questionou-se o porquê, de um cartão com coração dizendo amor eterno no natal uma semana depois ano novo um basta sem pestanejar sem um pingo daquela que dizia tanto amar.



Será que existe o eterno enquanto dure que tanto falam de forma  errada do tal soneto de Vinicius? Nosso grande Drummond diz que “Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata.” – ou seja eterno pelo momento.

Pode ser isso: eterno até pra se lembrar enquanto durar, não pra perdurar. Já não se fazem casais como antigamente? Na série que anda passando na TV GLOBO, “Felizes para sempre?”, o personagem pai que faz 46 anos de casado se diz sem libido pra esposa já curtida pela vida e eles celebraram o tal amor maduro, seria morno talvez como muitos fazem em acomodação.

O filho diz que tantos anos de rotina não tem como manter acesa a chama. Como assim? Será que sentimento está desatrelado disso com os anos? “Você sabe que alguém te ama não pelo que ele fala, mas pelo o que faz. O amor não sobrevive de teorias....” diz o padre Fábio de Melo.

Agora como pode de 46 anos se resumir pra 3, 4, 6 meses ou pouco mais? Será que além dos 15 minutos de fama de Andy Warhol, agora temos o tempo delimitado de 3, 4, 6 meses, escassos tempos de suposto amor? Outro dia vi em rede social que muitos proclamam alguém amor e daqui alguns meses tiram seu status de “relacionamento sério” que é como chamam o antigo estável.

#SQN. Não é estável, mas quase que falam como fosse ser eternos. Iniciados mais pela empolgação e alguma dose de encantamento em certos casos, mas volátil, volúvel, ao sabor dos intentos e instantes? Será isso???



Não sei dizer que fenômeno relacional é esse. Descartáveis tipo usou, abusou agora joga fora da vida se lixa do querer e do sentir? Ou é algo natural em épocas práticas e objetivas. Até pode nem ter sido deliberado, apenas não subsiste por mais imenso vira imerso.

Só que hoje o outro lado tem quase os mesmos seus 4 a 6 meses de inconformação  e como num passe de mágica, sai pra outra – nem dor de cotovelo hoje dura mais como antes. Os seres inconsoláveis, feito Werther de Goethe, só ocasional quando vira algo passional em si.
  
Ou com complacência e consentimento de ambos saindo em sentidos opostos. Feito uma relação que se aposta e que de lado é posta, aponta a logo se fazer não mais disposta a prosseguir, após um período de experiência, que não tem continuidade a excelência como ponto de chegada.

Acabou-se o que era doce, vou atrás de outras formas de viver. Trabalhar, estudar, viajar, cuidar dos filhos, ter lazer. Ou achar alguém pra curtir mesmo que não seja assim tão grande e sem pensar se vai ter futuro. Uma hora já não se acredita mais no infinito amor eterno de tempo ínfimo.

Imagine de uma vida inteira. Há quem não desista, insista. Antigamente procurava, hoje deixo não ao destino e Deus a trazer ,deixando chegar se vier e valer, mas ficamos céticos. Não descartamos em si, mas não ansiamos como fosse ter que ser e acontecer.

Pra não ficar no infinito enquanto dure  nos tais efêmeros, parcos, malfadados 3, 4, 6 meses, enquanto durar... Que se não é regra, não é tão exceção!



Um parêntesis: Pode parecer que inconsistentes desde o início, já se começam como ilusão um ao outro, porém há quem o faça por acreditar de prima. De primeira. E aí feito a canção “Por Enquanto” de Renato Russo e sua Legião Urbana, tão magistralmente cantada por Cássia Eller é meio como se pudesse dizer:

“Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar...
Que tudo era pra sempre,
Sem saber, que o “pra sempre”,
Sempre acaba ...”


Sempre acaba? 





17 de janeiro de 2015

SE A CANÇÃO DE DOIS VIRA DE UM - DEIXA ESTAR!



Saint-Exupéry ( o do pequeno príncipe) em crônica decretou: “ A Razão do amor é amar” – e nela cita que de nada adianta tocar a música que foi de ambos casal, se do outro lado já não há quem ame. Ou seja, só vale se co-sentido, consentido o sentimento que lhe é correspondido, dito isso no atual estágio de vida real e não imaginada.

 Se não, por mais bela seja a canção, de nada adianta lembrar se ficou amando sozinho. A Canção de dois, virou de um. Assim como todos os lugares, lances, formas, que faz levar a sentir e relembrar algo que ficou no passado, ainda que recente. Tudo valeu um dia, mas o que está aqui e agora é o que deixou ser e ter. E deixar de reaver a principio.

Escrevo isso por conta dessa nova canção cantada por Marisa Monte que fala que vai ligar a alguém pra cantar aquela velha canção – dita canção dos dois em certo tempo – pra desconcertar e doer com tamanho carinho. Tirando se foi um relacionamento mal-resolvido, poderá ser um ouvido de mouco. Ou alguém que ao contrário irá irritar-se ao invés de sensibilizado.

É legitimo tentar de novo tentar sensibilizar ainda? Cada caso é um caso, se seu sentir não é nada escasso, em si não houve fim, pode ate ser que sim. Mas cabe um parêntesis que pode estar se humilhando em súplica sem sentido. Pode ser uma tentativa que em vez de sã, ser vã. Um dia já fiz isso, tantos fizeram,  um apelo ao que de bom houve – mas sem resultado eficaz.

Deixe pra mandar uma bela música a quem está disposto a ouvi-la e sentir junto. Nada melhor. Ressuscitar algo que foi já findo parece um milagre. Teria que haver uma pré-disposição, condição. Mas se mesmo assim achar que ainda vale tentar, vá lá, siga, ninguém deve recriminar. Mas tenha sua dose de auto-estima e amor próprio e até orgulho.

A canção deve-se continuar a gostar, uma música que lembra momento maravilhoso, deve continuar sendo apreciada apenas pelo seu valor melódico e de letra. Agora se cabe ainda a quem um dia tocou a fundo recíproco E se nem tudo mais cai bem, sai bem, pense que pode ser como cantava o Beatles – Well "Let it be" - já cantava os Beatles – deixe estar.



Uma canção do amor é só uma canção a mais a quem sabe isso distinguir. Uma ilusão: que a velha canção a dois vá sensibilizar quem já não a vê, sente como antes! Há quem o tente... faria?

Mas quem sabe ainda valha a pena nesse sentido dessa canção Marisiana? É pagar pra ver! Só que o preço pode sair caro no descaso da canção de dois virar de um...

E as referidas canções...









16 de janeiro de 2015

DALVA E HERIVELTO - INDIRETAS CANÇÕES DE DESAMOR - VENDO A SÉRIE GLOBAL





Há muitos anos atrás jamais esqueço mama Lucia cantarolando “Segredo” ( “ Seu mal é comentar o passado. Ninguém precisa saber. O que houve entre nós dois. O peixe é pro fundo das redes, segredo é pra quatro paredes   ) e pude saber dessa cantora da chamada velha guarda da música brasileira chamada Vicentina de Paula Oliveira e que ficou conhecida e famosa como Dalva de Oliveira. Eu mais chegado a gerações musicais pós 1960, fiquei sabendo dessa admiração da geração que viveu o auge do Rádio ( em especial Mayrink Veiga e Nacional ), além de palcos de cassinos que existiam. E Dalva preponderou como uma espécie de rainha do rádio. Ao saber do detalhe dessa canção com mamacita, vim a saber da situação que a gerou: as traições de seu marido Herivelto Martins, que formava com ela e outro companheiro de palco negro chamado Nilo Chagas , que tiveram a alcunha Trio de Ouro.



Ao que começaram ocorrer uma complicada forma de indiretas ( ou diretas ) musicais um pra o outro da relação conturbada do casamento a partir de então. Como hoje se faz pela internet, eles fizeram esse jogo de letras e músicas que jogavam essa divergência de casal explícita em público. Quando utilizada através da imprensa em formas de denúncias, foi a fratura exposta definitiva de ambos, que fez até que seus filhos Pery Ribeiro que viria a ser cantor de certo sucesso e o outro Ubiratan, terem que ir pra internato pela justiça.

Abaixo segue o roteiro resumido disso em canções de desamor e desentendimentos feitos pela escritora blogueira Patrícia Palumbo. Foi em meio a isso que a série Dalva e Herivelton demonstra em meio a atuação soberba de Adriana Esteves e digamos certinha de Fábio Assunção. A troca e abandono dele não foram assim repentinos, porém, diga-se: ao se sentir desprezada e menosprezada como mulher ela começou a se deixar levar por outros homens. Como se diz por aí, mulher não trai, se vinga. Vinga ou busca compensações? Afinal ele buscou uma relação extraconjugal com uma comissária de bordo gaúcha vivida na trama Global por Maria Fernanda Cândido, com quem viveu na real até o fim da vida dele. Depois ela mantém relacionamentos que não prosperaram com cantor latino Tito Clement e um rapaz mais novo que ela, que após acidente grave de carro com outros mortos, o fez preso e prejudicando a relação.

Interessante verificar que destarte a identificação musical dele com Dalva, e interesses comuns profissionais, como se deixa se levar por uma necessidade de novo desejo. Isso fez com que ele fosse execrado pelo público, que sentiu ela mais vítima, ele algoz. Algo contraditório. E afinal ela que tinha o maior carisma, era a voz consagrada e querida da mídia de época. Ela só queria a fidelidade já que amava o marido. Quando o interesse se vai desvai, nada segura. Ainda mais quem tem como norma de conduta trair na infidelidade. Ou por conta de ter desgostado dela, acontece.

Uma pena, um casal que se ajustou na música e na aproximação afetiva se perdeu como tantos casais, só que estes dois eram notórios e isso fez com a lavagem pública por músicas e entrevistas virassem uma lavagem suja de roupa. Daí que não sei se o título da série agora repassada em formato de filme que vi com gosto deveria ter o subtítulo em “uma canção de DESAMOR”.  Por que foi isso que aconteceu se sucedeu. Ela no leito de morte a suspirar em delírio uma declaração de amor dele que só houve no início quando tudo era encanto.


E assim é com todos que tentam uma união estável, harmoniosa e que se acredita eterna até que por mais que parecesse segura, caiu na amargura do cada por si e vida que segue. Ela manteve o sucesso e ele meio que caiu no ostracismo, apesar de ser considerado talentoso compositor. A vida desune uma aliança que parecia firme e virou um jogo de desavenças. No final das contas, no entanto o que fica é o sucesso de uma rica história de cantorias, canções e uma cantora que foi um primor de sua época. Chamada de rainha da voz rouxinol do Brasil, a mulata clara de lindos olhos verdes. E que minha mãe se fez fã como tantas outras, nos áureos tempos entre 1940 a 1960...



O que mais ela queria na verdade desde o começo
 é seu último sucesso retumbante "Bandeira branca"...


E cantar "Hino ao amor"...




As canções da briga Dalva e Herivelto:
Endereço da postagem: 
http://patriciapalumbo.com/2010/01/07/as-cancoes-da-briga-dalva-e-herivelto/
Publicado em 07/01/2010 por Patrícia Palumbo

OBS: Com inserção da maioria das referidas canções.

As coisas estão esquentando na nossa novela favorita. E pensar que tudo isso se passou há uns bons 40 anos ou mais e a gente aqui, sofrendo as agruras do casamento desfeito tendo a música como pano e fundo e, vou confessar, pra mim como protagonista, personagem principal.

Por isso, dedico esse post às canções que foram feitas, gravadas, escritas especialmente para essa briga conjugal das mais famosas da nossa história.

Como já contei no post anterior Herivelto já anunciava a separação quando compôs “Caminhemos” gravada por Francisco Alves. No mesmo ano fez pra Dalva “Segredo” e já tinhamos aí dois clássicos numa tacada só. Vamos às letras:

CAMINHEMOS

Não, eu não posso lembrar que te amei
Não, eu preciso esquecer que sofri
Faça de conta que o tempo passou
E que tudo entre nós terminou
E que a vida não continuou pra nós dois
Caminhemos, talvez nos vejamos depois

Vida comprida, estrada alongada
Parto à procura de alguém
Ou à procura de nada…
Vou indo, caminhando
Sem saber onde chegar
Quem sabe na volta
Te encontre no mesmo lugar


Com o filho Pery Ribeiro
  

SEGREDO

Teu mal é comentar o passado
Ninguém precisa saber o que houve entre nós dois
O peixe é pro fundo das redes, segredo é pra quatro paredes
Não deixe que males pequeninos
Venham transformar os nossos destinos
O peixe é pro fundo das redes
Segredo é pra quatro paredes
Primeiro é preciso julgar
Pra depois condenar
Quando o infortúnio nos bate à porta
O amor nos foge pela janela
A felicidade para nós está morta
E não se pode viver sem ela
Para o nosso mal não há remédio coração



  
Mas a polêmica mesmo veio depois quando Dalva volta de viagem, separada de Herivelto – que já estava morando com a nova mulher, e grava “Tudo Acabado”, de J. Piedade e Oswaldo Martins. Ela começa aí uma carreira solo de grande sucesso e Herivelto fica sem a estrela do seu Trio de Ouro e amarga também a perda de alguns parceiros. Isso foi no começo de 1950.
   
A letra:

TUDO ACABADO
Composição: J. Piedade / Osvaldo Martins

Tudo Acabado Entre Nós, Já Não Há Mais Nada
Tudo Acabado Entre Nós Hoje De Madrugada
Você Chorou e Eu Chorei, Você Partiu e Eu Fiquei
Se Você Volta Outra Vez, Eu Não Sei

Nosso Apartamento Agora Vive a Meia Luz
Nosso Apartamento Agora Já Não Me Seduz
Todo Egoismo Veio De Nós Dois
Destruimos Hoje o Que Podia Ser Depois




Aqui nessa gravação Dalva de Oliveira, ela mesma, conta a história da gravação de “Tudo Acabado” . Uma pérola!!

Outro sucesso estrondoso e feito na sequência foi o bolero “Que Será”, de Marino Pinto e Mario Rossi. Essa todos conhecem por conta da tal “luz difusa do abajur lilás” que é por si só uma crônica de época, vamos combinar!
    
QUE SERÁ
Marino Pinto / Mario Rossi

Que Será
Da Minha Vida Sem o Teu Amor
Da Minha Boca Sem Os Beijos Teus
Da Minha Alma Sem o Teu Calor

Que Será
Da Luz Difusa Do Abajour Lilás
Se Nunca Mais Vier a Iluminar
Outras Noites Iguais

Procurar
Uma Nova Ilusão Não Sei
Outro Lar
Não Quero Ter Além Daquele Que Sonhei

Meu Amor
Ninguém Seria Mais Feliz Que Eu
Se Tu Voltasses a Gostar De Mim
Se Teu Carinho Se Juntasse Ao Meu

Eu Errei
Mas Se Me Ouvires Me Darás Razão
Foi o Ciúme Que Se Debruçou
Sobre o Meu Coração




Essa foi um golpe mortal em Herivelto, já que seu parceiro de longa data, Marino Pinto assinava a canção. E aí o nosso querido e genial compositor entrou numa rota errada. Escreveu uma bravata em parceria com David Nasser e as coisas tomaram um caminho ruim. A música se chamava por ironia “Caminho Certo” e insinuava traições de Dalva de Oliveira com os amigos e parceiros compositores. Chutou o balde! Veja esse trecho: “Senti agora que os amigos que outrora/ Sentavam a minha mesa / Serviam sem eu saber / O Amor por sobremesa…”
Ofendeu todo mundo!! Dalva de Oliveira era reconhecida por sua hospitalidade, cozinhava pros amigos ainda em trajes de palco e depois sentava na sala pra cantar.



Daí é que veio em 1950 a famosa “Errei, sim”, de Ataulfo Alves: Manchei o teu nome /Mas foste tu mesmo /O culpado /Deixavas-me em casa /Me trocando pela orgia /Faltando sempre /Com a tua companhia…




Em resposta Herivelto fez “Teu Exemplo” falando de estrelas na lama. Dalva gravou na sequência “Calúnia”, de Marino Pinto e Paulo Soledade, e Herivelto fez com benedito Lacerda “Consulta Teu Travesseiro” e “Não Tem Mais Jeito”.

Dessa época a mais conhecida até hoje é “Palhaço”, presente de Nelson Cavaquinho e Oswaldo Martins para Dalva e que fazia referência à antiga profissão de Herivelto.

Aqui vai a letra:

Sei Que é Doloroso Um Palhaço
Se Afastar Do Palco Por Alguém
Volta Que a Platéia Te Reclama
Sei Que Choras Palhaço
Por Alguém Que Não Te Ama

Enxuga Os Olhos
E Me Dá Um Abraço
Não Te Esqueças
Que És Um Palhaço
Faça a Platéia Gargalhar
Um Palhaço Não Deve Chorar




Ainda em 1951 Dalva de Oliveira grava “A Grande Verdade”, de Luiz Bittencourt e Marlene dizendo coisas como “quando um dia o remorso chegar e da felicidade existir a saudade no teu coração verás ao teu lado meu vulto meio apagado…




A que Herivelto responde em parceria com Raul Sampaio em “Perdoar”: “Eu estou cada vez mais convencido/ de que aquela mulher é um caso perdido/ vem arrependida implorar perdão/ falta, erra e por fim / ainda confessa, errei sim”.




Assim foi até 1952 quando os ataques foram esmorecendo e Dalva, uma grande estrela nacional, começa a estourar nas paradas com outros sucesso como “Kalu", de Humberto Teixeira, e “Ai. Yoyô”, de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto, Marques Porto e Cândido Costa.


O resultado da novela é esse repertório incrível e uma história de amor dolorida e complicada. O cantor Pery Ribeiro, filho mais velho do casamento de Dalva e Herivelto, acabou escrevendo um livro de memórias incrível com Ana Duarte, sua esposa e empresária. O livro é uma das minhas fontes pra esse post. Aqui vai a dica: “Minhas Duas Estrelas – uma vida com meus pais Dalva de Oliveira e Herivelto Martins”.


11 de janeiro de 2015

O ENIGMA DE KASPAR HAUSER E DO SOLITÁRIO PARADO DA AV. PRESIDENTE VARGAS




"O enigma de Kaspar Hauser" foi um filme alemão, dirigido por Werner Herzog, consagrado diretor em especial pelas décadas de 70 e 80 e este seu título mais famoso junto com "Aguirre, a cólera dos Deuses". Um marco do cinema alemão e europeu. Que revi há certo tempo no Telecine Cult, que hoje já não existe mais.

Este aqui um dos meus preferidos na época que tanto gostava dos chamados "filmes de diretor", ou pra muitos "filme cabeça" de complexidade maior, jamais esqueço o dia que seu diretor esteve no cinema Ricamar em Copacabana e fez palestra sobre o mesmo e o ator brasileiro Ruy Polanah, meio índio meio branco, fez perguntas pra deleite interessado da platéia.

O centro do filme como diz o título um enigma: quem seria aquele personagem que aparece tartamudo, ferido, com uma carta na mão, na Nuremberg, Alemanha, de 1828? Ele foi mantido cativo por um personagem sinistro e misterioso, ele falava apenas cavalo por conta de seu brinquedo no porão que se fazia prisão, feito meio bicho maltratado meio ser humano cuidado e posto no meio da praça balbuciando, com carta pro Oficial da Guarda.

Aos poucos ele foi inserido na sociedade, até na de elite, apesar de ter certo distúrbio de sociabilidade. Alguns acreditavam que era até parente de família nobre de Baden. Teve seus protetores, e apesar de já ensinado a ler e escrever pelo personagem que o aprisionou, uma família o adotou e um padre fez uma educação maior dele, apesar de não se ater de saber dos meandros da sociedade, da religião e das ciências, alguém inadaptado após abandonado.

Um dia ao que me lembro, o sinistro ser do princípio bate nele e o mata. O enigma ficou. Quem afinal de fato era ele? De onde ele veio e por que teve que sumir de novo do meio do tecido social, da sociedade civilizada?  Não há respostas, até porque há seres humanos que ficam a mercê da perversidade ou da inércia inadequada ao convívio pleno.








Andava há certo tempo vendo e observando um homem solitário, não de todo mal vestido com roupa até passada, nem era sujo, com barba curta bem feita, mas parado nas calçadas do vão central da Av. Presidente Vargas. Não sei porque lembrei do filme acima descrito: um enigma - quem era? De onde veio e por que estava ali?

Todo dia marcava presença estagnado, ao que parece só estendia a mão, mas não parecia propriamente um mendigo. Uma única vez ele quase que fez de se dirigir a mim e não sei porque mudei de rota instintivamente em vez de tentar saber melhor dele, de sua história, de seu destino ali inerte, calado, com olhar absorto, sem razão de ser.

Era como se fosse alguém que perdeu de si, de sua família, seu trabalho, sua casa. Vagava alí, só que não creio que havia alguém por trás dele. Ele não tinha um interesse de pediente, só estava ali parado, paciente. Um dia alguém no Facebook vendo uma foto exposta dele por mim questionado quem seria, aventou ser um tio perdido. Disse que não sabia - como saber?

Eis que voltando de férias vejo que ele sumiu. Feito o enigma de Kaspar Hauser, se manteve a aura de mistério. E o que se sucedeu a ele? Morrer ali que não foi, nada noticiado. Alguém o achou? Foi recolhido? Ele lembrou quem era e voltou ao seio dos seus parentes familiares? Não tenho resposta, por isso só utilizei os verbos no passado me referindo a ele. Porém não o esqueci pois me deixou intrigado: o enigma do homem de meia idade parado solitário da Presidente Vargas...




10 de janeiro de 2015

QUEM VISSE O PAGADOR DE PROMESSAS - UM VERSO


Quem visse o pagador de promessas...
Diria: “ora essa, ora homessa!”
Quem visse o pagador de promessas...
Diria: “ora essa, ora homessa!”

No ombro uma sobrecarregada cruz que pesa, que o verga,
Nas léguas de distância do sertão, no lombo piora a carga.
E pelo seu burrico nem assim desiste, insiste de seu voto.
Devoto Zé do burro fiel leal de sua santa Bárbara.

Tamanho espanto de pagar a férrea fé como dívida em sacrifício.
E nenhum resquício de cansaço, dor e dúvida,
Só perseverança...
E a esperança de dias melhores na adversidade!

Quem visse o pagador de promessas...
Diria: “ora essa, ora homessa!”
Quem visse o pagador de promessas...
Diria: “ora essa, ora homessa!”



O PAGADOR DE PROMESSAS EM FILME E MINISSÉRIE - UMA PERCEPÇÃO DE AGORA



Rede Globo tem feito em formato de filmes, minisséries de sua história. E nesta semana reprisou nesse formato “O pagador de promessas”. Claro que não pude deixar de rever essa história originalmente que eu saiba uma peça teatral do dramaturgo, escritor e novelista Dias Gomes, um saudoso extraordinário autor escritor. E fazer essa percepção de agora.

De primeira, no entanto, me fez relembrar não de quando passou a série, parece que em 1988, mas bem atrás: quando vi pela primeira vez o filme ganhador da palma de ouro de Cannes de 1962 vejam só. Posso dizer que no sentido filme nacional foi o primeiro que me chamou atenção, foi impactante, em especial o clímax final genial proposto pelo autor, embora tão triste...

Eram anos 70 quando vi e jamais esqueci as performances dos artistas, em especial Leonardo Villar, capitaneado pela Rosinha feita por uma Glória Menezes novinha. tão bem dirigidos por Anselmo Duarte, que também já foi ator. O filme era em preto & branco, nítidas dificuldades de filmagem e, no entanto foi algo maior: digno de nota.

A história de intolerância religiosa com cunho social ajudava claro. A fé que movia aquele personagem Zé do burro, aparentemente teimoso, e na verdade fiel a seus princípios. Por conta do equívoco que se traz até hoje de sincretismo religioso, faz sua promessa de cura de seu burro bichinho pra Iansã como fosse a mesma coisa que santa Bárbara.

Todos sabem que foi algo que se fazia pelos antigos escravos, porém realmente espanta como prossegue em parte do imaginário popular, sem querer desmerecer a religião afro-brasileira. Porém o padre intolerante da Igreja Soteropolitana de Santa Bárbara, a perceber que o mesmo fez por ser ignorante, não o deixa pagar sua promessa levando a cruz que tanto pesou no caminho em dívida de sua fé ferrenha.

Aos poucos o clima em volta ficou cheio de aproveitadores ou se confundiram com a boa fé do Zé: o malandro que é meio cafetão de prostituta em cima da até então ingênua Rosinha. O jornalista sensacionalista que quer ver algo agitador social de esquerda e pela luta fundiária. E os capoeiras em sua luta contra a discriminação que sofriam desde sempre.

O clima pesou cada vez mais até a chegada da polícia sem razão de ser. E quando passa de pacífico a revoltado indignado, vem a morte dele baleado e o povo respeitoso o levando na cruz adentrando a igreja na força popular, feito um tosco mártir inglório Cristo caboclo, é algo que mexe dentro de nós. O seriado agora pra mim foi mais bem gravado, claro dentro do padrão Rede Globo, mas não foi como quando vi aquele filme mais simples, mas tão bem elaborado dos anos 60.

Gostei sim da nova Rosinha feita por Denise Milfont, já o Zé do burro de José Meyer ficou parecendo menos interiorano, claro numa época que o mundo moderno já chega até nos sertões, já não tão sertão assim. E a Salvador de agora já não é tão provinciana como era na época do filme. Não sei dizer por que me identifiquei mais com a primeira versão, mas ambas teve esmero e capricho.


A história ainda é marcante, das agruras da gente de nosso povo ignóbil. E hoje já nem tanto como antes. O que mais machuca ali é perceber que a inocência e a bondade sempre são engolidas como na música de Chico Buarque fala, da roda viva que carrega tudo pra dentro dela. Só que aqui a roda da morte rondou um coitado que só queria pagar sua promessa de fé levada na cruz como no fardo de sua paupérrima vida até então sofrida.


Imagens do filme original:














 E da série...







VÍDEOTRAILER DO PRIMEIRO FILME:






O pagador de promessas - uma análise...


Que tal vermos em formato teatral?