A quem não sabe dia 7 de setembro
também é dia da pátria. E assim tempo de refletirmos sobre o que é Patriotismo
ou é patriotada – e a linha tênue que pode descambar para o nacionalismo.
Vejamos por partes as definições buscadas
na Net:
Patriotismo vem de certo idealismo patriótico – “É chamado de patriotismo a prática de lealdade, amor devotado,
identificação, apoio ou defesa de um determinado país. Originalmente, o termo
era utilizado para descrever alguém que apoiava os direitos do país ou da
terra, em detrimento do rei e sua corte. O verdadeiro patriotismo se
traduz no impulso para defender a pátria ou modo de vida contra uma injusta
opressão estatal.”.
A patriotada,
aquele que exacerba o sentido pátrio: Demonstração
exagerada de patriotismo.
E Nacionalismo - este aproxima mais
de ideologia: O nacionalismo é uma tese, ideológico,
surgida após a Revolução
Francesa. Em sentido estrito, seria um sentimento de
valorização marcado pela aproximação e identificação com uma nação.
Costuma diferenciar-se
do patriotismo devido à sua definição
mais estreita. O patriotismo é considerado mais uma manifestação de amor aos
símbolos do Estado, como o Hino, a Bandeira, suas instituições ou
representantes.
Já o nacionalismo
apresenta uma definição política, sobretudo da sua preservação enquanto
entidade, por vezes na defesa de território delineado por fronteiras
terrestres, mas, acima de tudo nos campos linguísticos, cultural, etc., contra processos
de destruição identitária ou transformação.
O historiador Lord Acton, afirma que
o patriotismo prende-se com os deveres morais que temos para com a comunidade
política enquanto que o nacionalismo está mais ligado à raça, algo que é meramente
natural e físico assim como genético.
Eu diria que aqui
neste país o patriotismo só é visto mais profundo quando acontecia a tal pátria
de chuteiras nas copas do mundo de futebol: o brasileiro se lembrava do país
como pátria sua, sua noção de nação advinda quase de um inconsciente coletivo
na psique verde-amarela. Arranhava além disso, nos desfiles de 7 de setembro,
mas no fundo, todas duas coisas se atém mais como manifestação de admiração que
de paixão pela pátria.
Talvez a base de
tudo tenha sido a nação que não nos convém de todo como cidadão. Aqui fica
difícil a visão pelo enunciado de John Keneddy:
A verdade que o
americano, que teve como raiz uma revolução nacional pela sua liberdade contra
a subjugação inglesa como colônia, a revolução americana, germinou essa visão.
Mas ao contrário daqui, lá o país em geral valoriza os seus pares, ao menos
entre eles. Ou seja, faz com que o orgulho nacional vingue. Mas esse mesmo
sentimento nacional faz com que haja patriotadas, como um filme que na segunda
guerra mundial Inglaterra e EUA atuaram juntas e para americanos só valeu sua
participação.
Até por que
americano que se preza vê se como paladino mundial e traz em si um patriotismo
que por vezes beira o pernóstico ou neurótico, mas convenhamos os fazem unidos
pela grandeza que ela é como nação super desenvolvida, o que talvez explique o
Brasil superior econômico colonial hoje ser um satélite se não teleguiado, secundário
na ordem mundial de potências vivendo sempre de seu potencial não bem explorado
e desenvolvido até pela má formação de visão patriótica.
A inconfidência mineira se fez sem qualquer
apelo popular patriótico que viu com apatia o desterro dos conjurados e
indiferença a morte no cadafalso de Tiradentes que virou mártir bem depois. A
nossa independência veio de cima para baixo com um Imperador que era filho da
Coroa que nos impunha como colônia, mas nem a proclamação de República mudou
essa apatia, que veio sem um rufar popular sequer fez arranhar quiçá arrebatar
o patriotismo da nação como um todo.No inicio do século passado havia
escritores como Adolfo Celso que
escrevia “Porque me ufano do meus país”. O governo do Estado Novo de Getúlio
Vargas e depois de Juscelino Kubitschek, bem que tentaram
trazer a euforia e o gosto nacional, mas não vingaram.
Aí veio a ditadura militar e veio junto o tal:
Canções como aquela que dizia “Esse é um país que vai pra
frente” tentavam exaltar a pátria que renascia, mas eis que o gigante e seu
povo não se viu envolvido nesse projeto de grandiosidade e o dito milagre
econômico de 70 e a política de substituição de importação que fechava em si ao
produto nacional deu em nada até criar a
crise de valores dos anos 80 e 90.
E assim a pátria foi manchada mais ainda pela corrupção da classe política e pelo “jeitinho brasileiro” de cada um por si e só Deus por todos. Houve recente tentativas de governos de centro-esquerda a disseminar que o país tinha jeito, mas no fundo desandou até haver essas mobilizações recentes do povo indignado. Até que ponto elas eram movidas pelo patriotismo ou apenas pela exigência da cidadania nossa digna e contra a desonra pública governamentais e a discrepância sócio-econômica do país? Não sei se há espaço pela luta pela pátria como um todo.
Só que todo cuidado
é pouco: nada de nacionalismo à esquerda ou a direita. O ovo da serpente do
Nazi-fascismo foi o nacionalismo europeu que redundou na segunda guerra mundial
numa Alemanha que se sentia ferida e humilhada após a primeira e tanto Hitler como Mussolini trouxeram a tona
um nacionalismo agressivo. Hoje ainda franceses fazem xenofobia contra
estrangeiros que eles tanto precisam como mão-de-obra e vivem pedindo subsídios
para não enfrentar a correta concorrência de produtos bons e baratos. Isso vira
uma mistura de patriotada e nacionalismo que não condiz com esse mundo tão
civilizado e civilizatório.
Pior ainda é
patriotismo patriotada populista como visto recente na Venezuela com seu pseudo
Bolivarianismo e a eterna ditadura comunista aos moldes autoritários Castrista
de Cuba que esconde uma ideologia centralizadora fazendo de conta ser um
nacionalismo contra os opressores burgueses imperialistas internacionais, coisa
que tanto Rússia superou de seu passado Leninista-stalinista. E pior ainda como
na China Comunista de Mao-Tsé-Tung que fez uma revolução que na verdade foi
involução de um comunismo forçado que trouxe fome e atraso, como isso
reforçasse o sentido de pátria que não se rende ao mundo dito ocidental. Dá pra
se notar como o sentido de patriotismo é feito como manipulação, que me perdoem
quem é fã do modelo fracassado e arcaico.
Só que é louvável
sim, se pensar no povo e na pátria, não os deixar a mercê das intempéries e injustiças.
Mas onde termina e começa a forma correta de levar uma nação, como pátria e
junto seu povo, sem o orgulho que desconstrói o progresso e a liberdade e por
tabela a justiça social para muitos e não só para poucos. “Brasil mostra tua
cara diz quem paga pra vc ficar assim” - vociferava Cazuza.
E continuamos na
mesma situação, políticos e administradores de costas ao bem comum e a pátria
espoliada e a malta depauperada, só que boa parte se valendo de espertezas
culpando as elites como se a escol
popularesca de dar a volta nos outros ou olhar si seu umbigo e não a comunidade
e o comunitário, coisa mais americana e não nossa, fosse santinha e sempre bem intencionada. O
bem comum público, privado e popular se esvai diante de uma pátria que deve
repensar como nação.
E podemos ter orgulho pátrio, que vai além de chuteiras,
desfiles e a bandeira verde-amarela que tremula e um hino lindo, mas que não é
tudo – só um começo da paz e progresso que estampa como lema desde os nossos
ideais proclamados republicanos e democráticos.
E podemos ter orgulho pátrio, que vai além de chuteiras, desfiles e a bandeira verde-amarela que tremula e um hino lindo, mas que não é tudo – só um começo da paz e progresso que estampa como lema desde os nossos ideais proclamados republicanos e democráticos.
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