Recentemente
o Banco Mundial diz aumentará a percentagem da população que expandirá rumo a
classe média, fazendo parte dela. Sempre achei que essa devia ser a tendência e
perspectiva das pessoas. Apesar das dificuldades de fazer parte dela, é mais
condizente e conseqüente.
Em
novelas sempre foi comum a diáspora milionários - ricos X pobres -
depauperados. Como não houvesse a saída ao meio. A ambição seria ser rico e
geralmente por meio de falcatruas, maldades ou golpes de baú chegavam como
arrivistas alpinistas sociais.
Sempre
vi pelo subúrbio moças querendo o normal: alguém que como ela estude a um nível
maior, tenha bons empregos de prestigio, ambos se unindo para ser classe média,
de preferência saindo da baixa, mas indo pra média média e não alta, coisa mais
pra elite, sortudos e pra poucos.
Quanto
mais alto querer ir pior pode ser a queda. Melhor ficar ali medianamente, se
equilibrando. A grande dificuldade foi que os maiores ônus tributários, de
custos, de vida, são da classe média. Que com dificuldade de orçamento e
responsabilidades vivem a duras penas.
Classe
média, pelo bem familiar, não deixam de colocar filhos em escola particular pra
evitar gastar, compram produtos de boa qualidade pros seus, pagam as contas em
dia, muitas vezes se privam do prazer perdulário. Nem 8 ou 80: os que saem desse equilíbrio em inadimplência sucumbem em dívidas e
dúvidas.
Mas
também podem de se manter em seu patamar sem entrar na depressão das grandes
perdas caindo em desnível incompatível a sua rotina e cotidiano. Desde que me
vi como gente, fomos classe média em casa e assim prefiro continuar, ainda que difícil
de subsistir.
Classe
média quer ter carro, casa própria com conforto, bons produtos, viajar, ter
lazer e passear dentro de seus limites. Isso ajuda e complica: complicado
conseguir, difícil manter. No entanto como é dentro de um patamar e padrão médio, não entra naquela fissura e estresse
dos grandes.
Poucos
da classe média entram na bandidagem recorrente dos mais pobres e nem da
ganância e corrupção dos grandes que fazem estressantes e de grandes quedas que
muitas vezes levam até ao suicídio ou muita depressão. Classe média se angustia
apenas em se estabilizar.
Dois
fenômenos cresceram demais no Brasil recente: os emergentes e a nova classe C.
Os primeiros mais endinheirados, aqui no Rio se entrincheiraram no que acham
paraíso bairristico: a Barra da Tijuca. E houve a ascensão moderada dos pobres
a uma melhor condição financeira à dita classe “C”.
Classe
média quer dar um bom futuro ao filho sem cobrar grandes passos o que ajuda na
psicologia dos mesmos que não enfrentam tamanhos desafios já desde jovens. Mas
os que se destacam passam de patamar e ser classe média alta é sua conseqüência
natural.
Mas
passar disso é o dilema: classe media convive próximo do poder econômico e
social e pode sucumbir no excesso. E nada pior que o novo rico: perde a noção
de onde veio e de limites do patamar que
está. Classe média alta pode dar falso poder que se faz perder.
Mas
pior mesmo é classe media menor querendo ser maior que é. Ao que se e endivida
no cartão de crédito, no cheque especial, nas prestações, nos negócios
incondizentes a sua condição sócio-econômica. Ai é extrapolar aonde quer chegar
e como vai ficar. Sem equilíbrio e parcimônia.
Mas
se sustentar na classe média é um caminho e não um fim. Dizer sim ao possível
ao plausível. Ter boas condições de vida sem se perder na lida e a linha. Saber
ser classe média é ter o equilíbrio ao
que mais deve caber no mundo capitalista com bom senso e bem estar!
Há
uma brincadeira recorrente: quem sofre mais com uma separação conjugal? Ricos
têm muito a dividir, muito pobre nada... A classe média! Pois até têm, mas
pouco e no remediado, comedido, como
abrir mão do pouco que possui na tal divisão parcial dos bens?
Um
filme italiano dizia em seu título: “A classe operária vai ao paraíso”. A média
queria um filme da vida real que se não desse o nirvana da classe da pirâmide sócio-econômica
que não fosse de purgatório, nervos à flor da pele na sobrevivência,
dificuldades na vivência.
Classe média do mundo: uni-vos! Por essa notável
causa de se manter bem...
Ela
que como Rita Lee canta em canção, é pessoa comum filho de Deus,
Não quer nem
luxo nem lixo.
Vai
nessa canoa furada remando contar a maré,
Mas no fundo não quer duvidar até perder a fé!