OS VERSOS QUE FIZ PARA AS MULHERES

40 ESTAÇÕES - A IDADE DA LOBA

(  MULHER DE QUARENTA ANOS QUE ADMIRO E ADORO )

Mulher de 40: vulgo se diz  quarentona...

Diga-se - que  não está em quarentena!!!

Reflexo inerente de tempos imemoriais, talvez feudais:

achava-a decaída, na baixa expectativa de vida até o quarentenário,

que ali estaria dobrando o Cabo da Boa Esperança em seu  cenário...

Mas agora, ao chegar aos 40 verões e primaveras, mãos a obra,

não cabe mais a depressão da idade da loba – tem viver de sobra!

Que ainda pode ser plena la femme, não mais como uma loba de Estepe,

no friento descampado da solidão, improdutiva, indesejada e desatraente,

e deprimente até por conta de uma suposta troca que viria por duas de vinte!

Não mais estar necessariamente no outonal do ocaso, mas de  apogeu,

árvore da vida em amadurecidos frutos e desabrochadas flores, ao céu.

De ter a beleza na madureza, desses novos tempos contemporâneos

 - não mais serão extemporâneos de virem a te querer!

E ainda quiçá a estar no auge do saber, do ser. Do ter, do poder.

Valendo por duas de vinte, eis que te exortaria aqui, quarentenária,

num relicário de seu poderio, de armas e bagagens, extraordinária...

Das duas uma, parodiando antiga canção ( sendo mulherão 4.0, então...):

“Quem não gosta de mulher que ainda dá samba, bom sujeito não é,

  é ruim da cabeça, ou doente da má fé “

MULHER DE VINTE

( RIO DE JANEIRO,

  29 DE MARÇO DE 2006 )

Mulher na faixa etária vigésimal:

deixa para trás o ar e jeito vestal,

de ninfeta transmuta-se em ninfa...

Crisálida finda, saída da mocidade adolescente,

a alçar vôos para além do jardim de seu quintal.

Mulher-em-flor de pétalas descerradas,

no bem-que-se-quer, está no auge primaveril.

Exuberância da idade, agora é jovem adulta.

Ou moça-mulher, mulher-nova, ou como se queira...

Limiar do amadurecimento na busca do amor e labor.

Mulher em que a mão invisível da Divina natureza humana,

vem esculpir definitivas formas e feições, as compleições.

Mulher em que madureza principia: vem ações e reflexões,

no que começa a tecer seus planos que não abrirá mão,

em seus 20 e poucos anos, como dizia a antiga canção.

Mulher que vem no intermeio de gerações literárias:

Lolita de Nobokov, na escala decimal, virou ícone púbere,

de debutar na descoberta corpórea-e-sensual.

E para as mulheres trintonas, Honoré as celebrizou:

na mitologia feminina virou a balzaquiana em fulgor.

E as “vintentonas”,

que lembranças livrescas/literárias,

há de simbolizá-las significativamente?

Se aqui não cabe dar nome literatos as belezuras,

da vida real, vir a homenagear em síntese etática.

Como Rachel: era menininha, agora revejo na maioridade!

Não a carreguei no colo, nem tem um segredo no coração,

- como em certa canção - mas percebo que o tempo passou:

feito filme, mas real, de “Pretty Baby” virou “Pretty woman”!

Como Tati, Tatiane: docilidade desde a juventude,

agora casada, responsável - ainda terna... Mudaria a canção:“Ah! se todos vizinhos fossem iguais a você...

que maravilha seria conviver! ”

Como Vanessa Giácomo: em sua popularidade,

belatriz Global: se musa televisiva, mantém-se meiga!

Hoje muda a idade, mantém a estação: continua nos vinte!

No auge da carreira, é a Sinhá moça de seu consorte Daniel!

Como Betanea: em sua plenitude,

Belle de jour-e-Bella donna de Nilópolis: é incorporação

da canção Djavaniana da morena de endoidecer...

Mas em sua calma alma, morena de enternecer!

Pelas ruas, pelo mundo afora.

Pode-se as pinçar aqui e acolá.

Pode-se as pintar em quadros, muitas mereceriam:

em seus anos vinte, retratadas até por Leonardo da Vinci!

" Que desculpem as feias mas beleza é fundamental" ( Vinicius de Moraes ) 

- Mas quem é bela? Em que nível?

CERTAS MULHERES,

Certas mulheres,

naturalmente formosas são.

São como que os pais ( estetas? ) ,

modelassem e moldassem, esculturas vivas, torneando-as bem,

com capricho e esmero estético, chegando quase às raias da perfeição!

E – ao contrário do Moisés de Michelangelo,

        estas “parlam mesmo”...

Tem um belo e gracioso porte e tipo,

como que melhorando a estirpe, mais e mais.

Tem bem delineadas formas,

                               no corpo,

                               no rosto.

Em suma uma Vênus atraente,

beleza maior exteriormente ( pelo menos nesses aspecto).

Já há certas mulheres,

que à primeira vista,

tem bem menos

( ou dirão pouca ) beleza exterior.

Mas que porém tem,

além de uma aura de beleza interior,

a fluir de dentro para fora,

é antes de tudo uma beleza sim,

uma beleza simples, porém marcante.

E é em muitos casos elegante.

Que ainda é realçada

pelo charme, pela sensualidade;

pela expressividade, pela vivacidade;

pela meiguice, pela sensibilidade á flor da pele.

  

Seja mulher de beleza exuberante,

seja a mulher de beleza comum,

será sempre alvo de discussões:

a beleza em seus diversos graus,

é de acordo com o gosto e padrão,

da sociedade, de cada um,

que não se discute e ponto final.

Como Vinicius, diríamos que beleza é fundamental?

                       Diria que a realeza que há no ser que é essencial!

LOUVOR  ÀS MORENAS ( E LOURAS ) DO BRASIL

As loiras não deixarão de ser bem brasileiras:

ainda que em europeizada pele ou face,

as façam até serem taxadas, de galegas, branquelas,

                                                    e até gringas!

Estrangeiras em sua própria terra?

É, ainda que sua alma e descendência,

 sejam genuinamente brasileiras...

Mas o louvor aqui é pelas morenas, morenas e morenas

de nosso  grande Brasil.

 Elas que são a essência da estampa da brasilidade feminina...

Desde que as Iracemas ancestrais,

acobrearam a Gênese do processo de miscigenação.

Desde que as Gabrielas,

temperaram com o cravo e a canela tantos da nação.

Desde que as Carolinas,

europeizaram as moreninhas, além do livro e da canção.

E agora outra morenice aflorou,

nesse grande caldeamento Brasil:

não bastassem brancas-trigueiras, caboclas, cafuzas, mulatas,

de tantas nuances de cor e formusura,

como se chamariam as filhas de nisseis com o branco ou brancarano?

“Numsei!” brincaríamos diante do termo racial  em aberto desconhecido.

Morena tropicana, como cantou Alceu,

também quero o seu sabor.

Morenas faceiras, belezas brasileiras,

exóticas ou não.

“ Tipical Woman brasilian ” diria o estrangeiro extasiado,

livres das amarras de sua sociedade conservadora de pureza racial.

Mas que não venham apenas por suas graças,

                         no que tange os lados carnais,

Que  não  as  vejam só com os olhos sexuais.

É beleza e sensualidade brasileira,

mas acima de tudo é mulher humana,

muito além dos meros atributos corporais... 

 

GAROTA DE SUBÚRBIO –

BALANÇO RUMO AO LAR

Num leve balanço de quadril,

antevi a sensualidade ali sutil...

Num doce remanso de querer,

antevi a sensibilidade a sorver...

Trouxe-me desejo no gingado suave,

trouxe-me  dengo, no germinado enlace.

É sopro no fogo na palha,

paixão e amor se espalha,

afetos afeitos como que feitos um pro outro...

Como era(é) garota de subúrbio,

teria que cantar diferente

- licença a Tom & Vinicius -

de outro modo, assim:

“ OLHA QUE COISA MAIS LINDA,

   MAIS CHEIA DE GRAÇA

   É ELA MENINA QUE VEM E QUE PASSA,

   NO DOCE BALANÇO A CAMINHO DO LAR...”

MUJER DE LA NICARÁGUA

Era a graça dos anos 70,

quando vi a guerrilheira aguerrida,

e assim só pensava:

Mujer de la Nicarágua,

también pega em las armas...

Era a graça com 20 poucos anos,

quando vi a companheira belicosa,

e assim só pensava:

Mujer de la Nicarágua,

también pega em las armas...

Seguiria o lema de Che Guevara,

do “hei de endurecer, sem perder la ternura jamais?”

Sentiria o drama do que virara,

na lei do entorpecer, com perdas na aventura demais?

Qual ventura haveria, na vitória da brutalidade guerreira?

Quão verterá alegria, da vitória do idealismo utópico!

Mujer de la Nicarágua, también pega em las armas,

mas dia haverá que virá pegar em flores, dirá ter amores!