Ser namorado e namorar, no meu tempo, que não é
tão longe assim, eram mais as mãos dadas, mais dados aos toques, com requintes
aos carinhos e caricias em delicias sensoriais, aos amassos do que apenas era
intenção do corpo desejado, muitos, mas muitos beijos e abraços, abrasivos e
apaziguados, que nos enlevavam e nos levavam ao céu na terra.
Agora namorar virou pegar, eu quero tchu, eu quero
tcha, que vai fazer trelelê. Trechos de recentes músicas relativos a esse
contemporâneo modo de pseudo namorar, que fazem quase todos namorido(as) pelo
jeito. E diversão, que às vezes nem a dois é. O encontro não almeja a praça, a
beira-mar ao luar, o passeio e o lazer pelo simples prazer da presença, mas dos
finalmentes do que deveria vir a reboque. Animado, anímico, atrelado, amante um
do outro.
Não sou moralista, vivo esse tempo, mas às
vezes acho legal como certa vez tive vivência, num prosaico enlace beber
refrigerante e depois do beijo dizer que foi com sabor kwat. E conversas, brincadeirinhas, salamaleques e
meneios edificantes, encantados, nas juras que valeram pelo instante
proferidas, vendo as preferidas que a fazem o outro contente, cativando num
sorriso que vale mais que qualquer fortuna e assim conquistar. Não que se atém só a visão clássica, mas assim me vem o dito explicitamente namorar.
Começar e acabar na cama, é mais uma chama que
não se sabe se manterá acesa, quando o companheirismo e o bem-querer deveria
valer também. Como todo homem, não se diga que isso é uma visão pura, apenas
com mais ternura, o desejo tá lá, a tesão da excitação faz parte, sem isso como
diz Rita Lee – “Amor sem sexo é amizade” – e é mesmo, por isso o que vale é ser
esteio de algo maior. Mas não só transa, pois sexo com amor vale mais que uma
química e física, com base em envolvimento e bastante entrega.
Se não minha gente não é namorar: simplesmente
é uma vontade, que feito um bombom que se come e se consome e digere. Namorar é
querer o outro não como posse se é uma concessão que nos fazem, mas há como diz
Quintana um laço e não um nó que une que nos reúne. Namorar é sentir que a
pessoa agora vive em nós, junto ou em separado compartilhado.
Namoro não é decoro, mas namorar é decorar cada
gesto alheio como seu, e fazer dele uma razão melhor para viver no conviver. E faz do outrém sua vida, não que morra sem ter mais, mas apenas faz a vida mais cheia de vida com ela dividida...
DUAS VISÕES DE NAMORO...
ANTES, MÃOS DADAS DO PRESENTE RUMO AO FUTURO...
A TRANSA É A ESSÊNCIA OU O COMPLEMENTO?
E A CONSEQUÊNCIA DE TER FILHO?
CRÔNICA DE ARTHUR DA TÁVOLA
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