Certa vez alguém perguntou se falaria só de amor. Disse que não, que há outras questões a serem debatidas, mas quem o disse, falou com certo espanto de falar de amor num tempo como hoje e sabe minha opinião disso? Ao contrário que dizem, não são pessoas românticas que estão em extinção apenas, mas as amorosas. Assim penso.Mas esse amor não é exercido apenas no sentido homem-mulher como poderia imaginar, mas vejamos a raiz inicial desse processo. Há três vertentes que busquei desde tempos joviais. Há o amor humanitário, o fraterno e por último romântico.
Desde cedo, entrei no idealismo da mudança. Nunca fui de embarcar no tal socialismo, nunca uma experiência é capaz de fazer as pessoas uniformes e centralizar o poder em alguns pra mudar a sociedade num todo a uma coisa só. Isso é imperialismo disfarçado. Mas via com tamanha clareza a luz que fez São Francisco de Assis pelos desvalidos, uma caridade cristã. Eu me preocupava, sem ter nada com isso no fundo, com o sertanejo que morria de fome e sede, os índios sendo estropiados, os favelados desvalidos, as crianças na rua mendigando. Era uma vontade de caridade de mudar tudo isso e no máximo que pude foi escrever cartas pros jornais, repassar em textos essa indignação.
Esse amor se estendeu aos animais, fui um dos primeiros a denunciar o extermínio de nossa fauna, quando só se exaltava os animais de porte africanos. O meu amor humanitário virou meio que pela pátria num todo, mas não aquela que passa por Brasília e seus gabinetes, das pessoas mesquinhas e indiferentes que pensam só no seu ganha pão e suas vidinhas mundanas.
Esse amor humanitário eu não sei se alguém que tenha feito uma doutrina, capaz disso. Mas eis que encontrei na figura do próprio Cristo quanto a isso. No que Ele foi capaz nos repassar, foi nele que São Francisco se inspirou no seu despojamento, como visto no filme “Irmão sol, irmã lua” – de Franco Zefirreli, sobre ele e Santa Clara. Não precisamos de ninguém mais a dizer que somos irmãos em Deus, ele já o fez e sua historia de dor e êxtase me inspiraram a ser como sou. E sua máxima “Amai o próximo como ama a ti mesmo.”
Mas tem aquele lance, vamos ficando adolescentes e necessitamos de amigos e de alguém pra namoro amoroso. Eis que o amor fraterno, vi o quanto que virou uma sombra, nas sombrias formas da indiferença, do cada qual no seu caminho. Quem poderia dizer que é amigo além de tudo? O amor fraterno é algo que Jesus pregou no “Amai-vos uns aos outros, como vos amei” – mas eis que esse amor é zombeteado, descartado, posto de lado ao sabor dos interesses e no dissabor disformes, na forma individualista de ser de cada um. Mas ainda o tenho em conta, como é triste ver que nem sempre foi possível o ter e manter.
Mas o amor mais sublime que senti foi quando descobri um amor que transpassa ao imediatismo de necessidades fisiológicas e sexuais. A beleza do amor que sai das esferas do imaginário para um convívio dual, duas almas complementárias. Tive um amor de infância que se foi por mudança familiar dela, Célia e um que tendo perdido a oportunidade do momento, de exercer ficou no platônico, e se chamava Rosângela. Ali vi que o amor tinha feição humana daqui.
O amor via que não era só um mito de um Orfeu que ao olhar para sua Eurídice, a transformou em estatua porque vê-la era sua sublime tentação. Ele desgostoso, não mais cantou sua lira, cortaram sua cabeça que rolando rio abaixo murmurava” – Eurídice, Eurídice,...”. Ou de Tristão por Isolda, que saindo do campo da magia, pode viver um amor humano mesmo.Fiquei impressionado ao ler sobre os ambos mitos românticos.
Despertou-me pra grandeza desse amor. E nunca consegui de encontrar alguém que seja a face desse amor. Ao que surge outra, vem a sempre a velha e repetida pergunta: Será ela? Será esta? Que não seja mais uma da lista, mas a tal entre todas pessoas do mundo a especial e única – a face do amor humano.
Quis que fosse meio que assim em vida, mas eis que após essas iniciais pessoas, todas foram decepções sem fim. Que me perguntei: o amor existe? Afinal o humanitário não pude exercer a contento, o fraterno tantos viraram a cara e o amor que devotei a algumas mulheres que achava tinha essa chave do amor romântico e de desejo afins, caiu tudo em vão e sempre de forma que mostrasse que o amor era descartável, nem sei que sentimento eram. Morre em mim o amor? Como fazer, se quem é amoroso é uma marca interior? Pessoas amorosas são ainda que submergem quanto a isso, mas a dureza se desmancha na doçura e na loucura de amar...
Acaba que um amor que transpassa a tudo isso que é o amor familiar, de forma extraordinária o amor maternal e paternal, e porque não irmanal e filial. Conto e sempre contarei é com família e seu amor incondicional e infinito, Era um quarto amor que sempre devia ter dar dado o maior valor por que é eterno e puro. Pelo menos pra quem tem uma familia saudável de se ter.
No entanto, sempre se quer a mais...
Ainda não me dei por vencido.Ainda busco a amorosa face humana entre toda minha gente,de uma em especial.E ter por que não...A face humana do amor, do meu amor...
Canção do filme “Irmão sol, irmã lua” de Franco Zefirelli
Sobre São Francisco e Santa Clara, que fala desse amor que
Vem de Deus e está em todos nós a quem queira compartilhar...
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