Anos
atrás ao escutar pela primeira vez a canção “Travessia”, pude
perceber que além da linda melodia composta pelo Bituca Milton
Nascimento, havia uma letra ali com jeito de poesia no “fez-se
noite em meu viver”, logo fui saber que era obra prima de um tal
Fernand Brant. Ali despertou em mim uma vontade de ser meio ele,
fazer a letra.
Como
comecei a imaginar melodias pra letras feitas, induzi que queria ser
era compositor. Como disse em outra postagem minha, este é alguém
que em geral é esquecido ao se ouvir composição de sucesso,
imagina um letrista? Porém Brandt era realçado por Milton, atitude
bonita e acabou que ele foi reconhecido em boa escala nos sucessos do
chamado clube da esquina mineiro.
Hoje
faz uma semana que com pesar soube de seu passamento. Ficou no meu
pensamento sua influência, que de letra me fez descambar pra poesia
e depois prosa. Ficou algo em mim essa admiração. E que continua,
escutando os sucessos da dupla mineira, como não notar as letras tão
atuais e marcantes? Letrista não pode nem deve ser relegado a
segundo plano.
Vendo
o filme sobre Luís Gonzaga, dá pra se notar como ele implorou pra
Humberto Teixeira fazer as letras de suas composições e só então
estourou com a qualidade que não tinha, de versar em letra as ideias
musicais que compunha. Parece simples hoje que a música ficou tão
descartável como suas letras, mas quando há qualidade, a letra pode
sim ter importância e até imponência.
Algum
tempo atrás as letras de Caetano, Gil e Chico Buarque quase foram
comparadas a poesia e muita gente mais erudita execrou a comparação.
Não importa: O seu valor poético em si valoriza mais uma canção
de forma inestimável e inquestionável. Hoje em dia se oferta mais
letras que poesias diga-se a quem se quer ofertar como homenagem.
Muitos
se ofenderão não ser poesia, mas a verdade que no mundo moderno a
letra faz parte mais cotidiana das pessoas. Uma não invalida a
outra, ainda que às vezes isso incomode e eu lamento a poesia se
fazer quase underground. Ela que é considerada tanto em literatura!.
Não levemos a ferro e fogo a fazer essa contrafação. Que a poesia
e a letra de boa estirpe sejam consideradas em seus espaços e espectros.
Que
Fernando Brant e quem mais por ventura ousar fazer da letra um
motivo a mais pra ouvir determinada canção, nos fazendo pensar,
sentir, alegar, refletir. Curtir o que ela tem de bom e belo.
Fica
aqui uma homenagem de importância: ao grande Fernando Brant que nos
legou suas concepções, em legado as mais belas composições escritas de nossa MPB. E
quem mais letrista o fizer com graça e valor!
Foi se o amigo do clube da esquina Fernando Brant o guardaremos no peito feito sua letra imortalizada na melodia de Milton. Já quis ser letrista poeta como ele só posso hoje o homenagear lembrando de suas obras que ficarão no cancionário nacional
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