15 de novembro – todos sabem bem é o dia
dito da “Proclamação da República” – e apesar da grandíssima importância do
fato da deposição da monarquia tropical do Brasil com a queda do Imperador D.
Pedro II, nunca a data foi muito festejada como por ex. o Sete de Setembro, que
no fundo fez uma independência relativa ao colocar pra reger o país um filho
dos colonizadores portugueses, D. Pedro I. É estranho pensar que o país que
sonhara como nação independente do colonial na Conjuração Mineira com
Tiradentes, chegara a esse ponto.
Porém foi preciso um segundo reinado
marcado por um regente culto sim, porém distante de um país de uma massa ignara
de pobres, campônios e muitos cativos. A deteriorar pouco a pouco, com os
ideais republicanos que pouco a pouco foi crescendo, mas não a ponto de terem respaldo
popular. Aqui e acolá que foi num crescendo, tendo um personagem tão pouco
divulgado a não ser por nome num Instituto para cegos: Benjamin Constant. Ele
sim, um misto de professor de matemática e militar, foi mentor que houvesse
essa mudança de regime. Além de Quintino Bocaiuva, único civil bem a frente
naquele momento histórico nas imediações do Campo de Santana e da Praça da
República.
Só que ao ler a obra “1889” de Laurentino
que pude perceber que no fundo foi apenas uma quartelada contra a chamada
Questão militar e derrubada do Visconde Ouro Preto, ao qual foi buscado apoio
de um Marechal bem doente, Deodoro da Fonseca, com grandes insígnias pela
campanha na Guerra do Paraguai, que fez o viés militar do golpe. Ou seja, a
República foi um golpe militar, apesar os ideais civis da República, que só bem
depois do Governo provisório de Deodoro e depois com mão de ferro do marechal
“O caboclo do norte” Floriano Peixoto seu vice, numa transição que custou ir
pro primeiro civil Prudente de Moraes. E o pobre povo “bestializado” nem se deu
conta de pronto.
Naquele primeiro momento foi concretizado
por Deodoro, sem, contudo, este ter a certeza da instauração da República.
Quando um desafeto seu Silvério Martins que foi indicado pra um novo Governo imperial pós a
quartelada de 15 de novembro, aí sim, Deodoro entendeu de começar a concretização
da mudança do regime, com Decretos e formação de Governo, fazendo o adeus
definitivo da família real, que como que sem querer se despediu no chamado
Baile da Ilha Fiscal. Era um adeus que se fez melancólico e angustiante, e
repentino se fez partindo as pressas em navios após 15 de novembro.
Na verdade, o positivismo de Comte, previa
que era preciso um ato militar nesse processo inicial. O império caia diante de
um Imperador doente e cansado, ainda que esclarecido. A abolição da escravatura
precipitou o fim do apoio do regime pode-se constatar. E lendo a obra vemos
como essa história foi mal contada e no fundo foi revolucionária ao trazer um
regime que estava na pauta no século das luzes de 1800 – os EUA haviam se
transformado nela, a França saía definitivo aos poucos de Monarquia ou
Imperialismo para República. E aqui para chamada República velha que perdurou de 1889 até
1930.
Até hoje temos a República, e hoje não
vemos volta ao passado. Não há vivas a República e sua proclamação e, no entanto,
hoje buscamos o fazer de forma democrática pelo voto. Pena que ela, a
República, andou sendo manchada nesta última década e eleição, como contarei em
outra postagem neste dia. Não importa: a República veio pra ficar. Apesar de
não ser festejada, é mais que seus símbolos de bandeira “Ordem e Progresso”, é nossa
realidade política e social, ficando pra
trás o viés autoritário militar, hoje civil que queremos que nos represente na
República Federativa do Brasil.
Quanto aos detalhes dessa mudança inicial e
radical, os convido a ler o livro “1889” – não tenho estofo nem respaldo
cultural pra contar essa história. Sempre tinha a curiosidade de saber como foi
essa transição e transformação como que de supetão do nada. Leiam o livro e
outros sobre o tema. E tenham um lema: A República pode não ser um regime
ideal, mas é o melhor nos representa. Quando respeitada!
Um breve relato da Proclamação da República...
E seu hino...
Entrevista com Laurentino Gomes autor de "1889"
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