Muitos se perguntam do título: baseado conforme constatei pesquisando ao que parece o autor do livro John Green que se baseou o filme, ele faz um trocadilho com a frase de William Shakespeare, presente em seu livro Julio César. Em uma entrevista John explica melhor ter sido esse o título escolhido para sua obra. Em que sentido quis dizer que a culpa afinal é ao final "das estrelas"...
“Bem, na
frase de Shakespeare, ‘estrelas’ significam ‘destino’. No texto original, o
nobre romano Cássio diz a Brutus: ‘A culpa, meu caro Brutus, não é de nossas
estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em sermos inferiores.”. Ou seja, não há nada de errado com o destino;
o problema somos nós. Digo que
não é por aí: não devemos nos fazer menores, termos nossos valores! Temos as amizades e o amor pra edificar...
Há pouco
vendo finalmente o filme pude constatar que não se trata, porém de um melodrama
daqueles chorosos num todo. Apenas um romance que fotografa um momento em que
as páginas da vida de seres que se encontram no limiar do fim e estão para serem tolhidos dela por
uma doença que ataca de tantas formas, é o mal maior físico dos últimos
séculos: o câncer em suas ramificações.
Porém
resolvem aos poucos se envolverem se apaixonando, passando daquela fase de
apenas estarem juntos pra se apoiar e sim algo acontecer, tecer um sentimento
de momento. De que vale passar sem algo pra acolher e viver a se recolher de
vida? A entrega se faz sutil e assim ele flui sem grandes lances dramáticos o
que faz com que não fique pesado nem melancólico demais.
Interessante
verificar que ela, Hazel Grace, que parecia já estar mais datada, a personagem
feminina é quem tem que segurar a dor além da doença estigmatizada, com a dor
da alma de perder quem apareceu pra preencher seu vazio diário a fazendo voltar
a sorrir pra vida. Num grupo de apoio não se faz de vítima e resolve não ser
mais uma coitadinha. Aliás ao que parece a mãe que a achava tristinha e viu nesses grupos uma forma de a acolher em solidariedade e identidade de consternação.
Desde
novinha apenas vivia pra se manter viva em tratamentos que se faziam seus
tormentos. E de pensar em sua família como poderiam ficar perdendo a filha: afinal é duro
ir na frente dos pais que esperam que os filhos tenham uma vida inteira pela
frente se realizando. E não se acometendo da perda aos poucos da doença
silenciosa que corrói por dentro e que se nota a olhos vistos.
Ele,
Augustos Waters, o personagem masculino se condói não tanto por sua perna
perdida, mas ter uma vida perdida, com não deixar sua marca, seu legado em sua
passagem a ser lembrado. Já pensei muito nisso, ao ponto que elaborei um blog
nesse intuito. Não ter a sensação do esquecimento absoluto de nossa passagem de
humanidade. como se tudo se passasse em vão se cai no vazio de nossos seres que se vão no desvão do fim inexorável de todos nós.
Ao que ela
retrucou que ficar na memória de quem o amou já é bastante, já deixa contente
de ter estado aqui na velocidade de uma existência que já não foi tão fortuita.
E fazem uma viagem enriquecedora a Amsterdã, Holanda, por lá vivem um capítulo bom de
jantar a dois e vêem o exemplo no museu de Anne Frank de quem fez de seu
martírio um diário de vida contemplativa existencial.
Importante
que lá viveram. Perceberam a ilusão das boas intenções do escritor Peter Van
Houten que admiravam – mais importante que descrever, é viver o que sente, que
se fala, no que age. E reage. Ainda que o escritor fale de seu desgosto ao
final de ter tido filha ceifada por doença, ser amargo o faz indignificante. Saber
na realidade difícil mas fazer dela algo que nos marca significante edificante.
A culpa não
é de ninguém. Não é de Deus. É das circunstâncias que não se amarram nem sempre
bem os destinos. Há pouco conheci alguém que era datada de tempo por doenças chamada
Rosaine Fernandes de Barra Mansa. Importante que com ela convivi: pude dar e
ter um sorriso de quem se afeiçoa ainda que agora apenas ficando só na emotiva reminiscência.
Somos seres
de estrelas cadentes que brilham de passagem. A culpa relativa é do destino que
nem sempre fazem num intervalo maior. Que nem sempre nos dão direito a viver a
pleno até o fim. Não importa: trazemos em nós valorosos, quem passou bonito e
deixou vivo o que mais apraz: a paz de um amor bem resolvido. Ainda que tudo pareça tão finito, só por
instantes magnificentes....
Basta dar um OK para vida como os protagonistas do livro e do filme - um casal que o fez enquanto pode. No infinito só do que ficou a dois.
Basta dar um OK para vida como os protagonistas do livro e do filme - um casal que o fez enquanto pode. No infinito só do que ficou a dois.
E o Thriller do filme...
E a canção...